Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

Allan Kardec

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INVOCAÇÃO – do Iat. In, em e vocare, chamar. Evocação, do lat. ex. de, de fora e vocare. Os dois vocábulos não são sinônimos perfeitos, posto lenham a mesma raiz vocare. terra empregá-las indistintamente. “Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer nas cerimônias mágicas, nos encantamentos. Evocar almas, Espíritos, sombras. As necromantes pretendiam evocar as almas dos mortos”. (Academia). Entre os Antigos, evocar era fazer sair as almas dos Infernos para que viessem ao chamado. Invocar é chamar em si, ou em seu socorro, um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se a Deus pela prece. Na religião católica invocam-se os Santos. Toda prece é uma invocação. A invocação está no pensamento; a evocação está no ato. Na invocação o ser a quem nos dirigimos nos ouve; na evocação ele sai de onde se achava e vem manifestar-nos a sua presença. A invocação só é dirigida aos seres que supomos bastante elevados para nos assistir; evocam-se os Espíritos inferiores, do mesmo modo que os superiores. “Moisés proibiu, sob pena de morte, a evocação das almas dos mortos”, que era uma prática sacrílega entre os Cananeus. O Capítulo XXII do Segundo Livro dos Reis fala da “evocação da sombra de Samuel pela pitoniza”.

Como se vê, a arte das evocações remonta à mais alta antiguidade. Encontramo-la em todas as épocas e em todos os povos. Outrora a evocação era acompanhada de práticas místicas, seja porque as considerassem necessárias, seja porque visassem exibir o prestígio de um poder superior. Sabe-se hoje que o poder de evocar não é um privilégio: pertence a todos; e todas as cerimônias mágicas e cabalísticas não passam de vão aparato.

Segundo os Antigos, todas as almas evocadas eram errantes ou vinham dos Infernos, que compreendiam, como se sabe, os Campos Elísios e o Tártaro. À expressão não se ligava nenhum sentido pejorativo. Na linguagem moderna o significado de inferno tornouse restrito, como morada dos condenados. Daí se seguiu a idéia que fazem certas pessoas, de que a evocação esteja ligada aos maus Espíritos ou demônios. Esta crença, porém, cai, à medida que adquirimos um conhecimento mais aprofundado dos fatos. Assim, é menos espalhada entre os que acreditam na realidade das manifestações espíritas: não poderia, realmente, prevalecer ante a experiência e um raciocínio isento de preconceitos.

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