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O Céu e o Inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo > Primeira parte — Doutrina > Capítulo VI — Doutrina das penas eternas > Origem da doutrina das penas eternas. > 5
5. No entanto, o Cristo não pôde revelar a seus contemporâneos todos os
mistérios do futuro; ele mesmo disse: “Teria ainda muitas coisas a
dizer-vos, mas não as compreenderíeis; é por isso que vos falo por
parábolas.” Sobre tudo o que se refere à moral, ou seja, os deveres de
homem para homem, ele foi muito explícito, porque, tocando na corda
sensível da vida material, ele sabia ser compreendido; sobre os outros
pontos, ele se limita a semear, sob forma alegórica, os germes do que
deverá ser desenvolvido mais tarde.
A doutrina das penas e das recompensas futuras pertence a esta última ordem de ideias. A respeito das penas, sobretudo, não podia romper bruscamente com as ideias estabelecidas. Ele vinha traçar aos homens novos deveres: a caridade e o amor ao próximo substituindo o espírito de ódio e de vingança, a abnegação substituindo o egoísmo: já era muito; ele não podia racionalmente enfraquecer o temor do castigo reservado aos prevaricadores, sem enfraquecer ao mesmo tempo a ideia do dever. Prometia o reino dos céus aos bons; esse reino era, portanto, proibido aos maus; para onde iriam eles? Era preciso uma contrapartida de natureza a impressionar inteligências ainda demasiado materiais para se identificarem com a vida espiritual; pois não se deve perder de vista que Jesus se dirigia ao povo, à parte menos esclarecida da sociedade, para a qual se precisava de imagens de algum modo palpáveis, e não ideias sutis. É por isso que ele não entra a esse respeito em detalhes supérfluos: bastava-lhe opor uma punição à recompensa; não era necessário acrescentar mais naquela época.
A doutrina das penas e das recompensas futuras pertence a esta última ordem de ideias. A respeito das penas, sobretudo, não podia romper bruscamente com as ideias estabelecidas. Ele vinha traçar aos homens novos deveres: a caridade e o amor ao próximo substituindo o espírito de ódio e de vingança, a abnegação substituindo o egoísmo: já era muito; ele não podia racionalmente enfraquecer o temor do castigo reservado aos prevaricadores, sem enfraquecer ao mesmo tempo a ideia do dever. Prometia o reino dos céus aos bons; esse reino era, portanto, proibido aos maus; para onde iriam eles? Era preciso uma contrapartida de natureza a impressionar inteligências ainda demasiado materiais para se identificarem com a vida espiritual; pois não se deve perder de vista que Jesus se dirigia ao povo, à parte menos esclarecida da sociedade, para a qual se precisava de imagens de algum modo palpáveis, e não ideias sutis. É por isso que ele não entra a esse respeito em detalhes supérfluos: bastava-lhe opor uma punição à recompensa; não era necessário acrescentar mais naquela época.