Você está em:
A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV — Os fluidos
Capítulo XIV — Os fluidos
I. Natureza e propriedade dos fluidos.
Elementos fluídicos.
1. A ciência resolveu a questão dos milagres que mais particularmente
derivam do elemento material, quer explicando-os,
quer demonstrando-lhes a impossibilidade, em face
das leis que regem a matéria. Mas, os fenômenos em que
prepondera o elemento espiritual, esses, não podendo ser
explicados unicamente por meio das leis da natureza, escapam
às investigações da ciência. Tal a razão por que eles,
mais do que os outros, apresentam os caracteres aparentes
do maravilhoso. É, pois, nas leis que regem a vida espiritual
que se pode encontrar a explicação dos milagres
dessa categoria.
2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a
matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações
constituem a inumerável variedade dos corpos
da natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do universo,
ele assume dois estados distintos: o de eterização ou
imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado
normal, e o de materialização ou de ponderabilidade,
que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio
é o da transformação do fluido em matéria tangível.
Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem
considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo
médio entre os dois estados. (Cap. IV, n.
os 10 e seguintes.)
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.*
* A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.*
* A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.
3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme;
sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas
em gênero e mais numerosas talvez do que no estado
de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos
distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são
dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos
peculiares ao mundo invisível.
Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.
Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que veem e escutam.
Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.
Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que veem e escutam.
4. Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos
nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos
sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a
matéria etérea. Alguns há, pertencentes a um meio diverso
a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer ideia mediante
comparações tão imperfeitas como aquelas mediante
as quais um cego de nascença procura fazer ideia da
teoria das cores.
Mas, entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar-se, como se observam os do fluido do ímã, fluido que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria.
Mas, entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar-se, como se observam os do fluido do ímã, fluido que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria.
5. A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o
ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em
que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois
extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos
aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos
da materialidade, os menos puros, conseguintemente,
compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da
Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus
de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados,
deste planeta, haurem os elementos necessários à economia
de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que
nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza
grosseira, em comparação com os fluidos etéreos
das regiões superiores.
O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita.
Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.
O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita.
Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.
6. Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria
tangível? Ela talvez somente seja compacta em relação aos
nossos sentidos; prová-lo-ia a facilidade com que a atravessam
os fluidos espirituais e os Espíritos, aos quais não
oferece maior obstáculo, do que o que os corpos transparentes
oferecem à luz.
Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.
Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério.
Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.
Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério.
Formação e propriedade do perispírito.
7. O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos
mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação
desse fluido em torno de um foco de inteligência
ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu
princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado
em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido
conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas.
O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no
mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que
em dois estados diferentes.
8. Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu
perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos
ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do
perispírito naturalmente variam, conforme os mundos.
Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado em comparação com a Terra, como um orbe onde a vida corpórea não
apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios
perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais quintessenciada
do que aqui. Ora, assim como não poderíamos
existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também
os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com o
perispírito terrestre que os reveste. Emigrando da Terra, o
Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro
apropriado ao mundo onde vai habitar.
9. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação
com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos
inferiores não podem mudar de envoltório a seu
bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um
mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório
fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à
matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos
podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para
não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.
Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é
tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal,
razão por que continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos,
cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra,
como os encarnados, julgando-se entregues às suas
ocupações terrenas. Outros um pouco mais desmaterializados
não o são, contudo, suficientemente, para se elevarem
acima das regiões terrestres.*
Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.
É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se aos habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes. Tais Espíritos trazem consigo, não o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões donde vieram e que, em pensamento, eles veem. São videntes entre cegos.
* Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: Revue spirite, dezembro de 1859, pág. 310; — novembro de 1864, pág. 339; — abril de 1865, pág. 177.
Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.
É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se aos habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes. Tais Espíritos trazem consigo, não o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões donde vieram e que, em pensamento, eles veem. São videntes entre cegos.
* Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: Revue spirite, dezembro de 1859, pág. 310; — novembro de 1864, pág. 339; — abril de 1865, pág. 177.
10. A camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se
pode comparar às camadas inferiores da atmosfera, mais
pesadas, mais compactas, menos puras, do que as camadas
superiores. Não são homogêneos esses fluidos; são uma
mistura de moléculas de diversas qualidades, entre as quais
necessariamente se encontram as moléculas elementares
que lhes formam a base, porém mais ou menos alteradas.
Os efeitos que esses fluidos produzem estarão na razão da
soma das partes puras que eles encerram. Tal, por comparação,
o álcool retificado, ou misturado, em diferentes proporções,
com água ou outras substâncias: seu peso específico aumenta, por efeito dessa mistura, ao mesmo tempo
que sua força e sua inflamabilidade diminuem, embora no
todo continue a haver álcool puro.
Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna. O Espírito produz aí, sempre por comparação e não por assimilação, o efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas que a sua natureza pode assimilar.
Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.
Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.
Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna. O Espírito produz aí, sempre por comparação e não por assimilação, o efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas que a sua natureza pode assimilar.
Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.
Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.
11. O meio está sempre em relação com a natureza dos
seres que têm de nele viver: os peixes, na água; os seres
terrestres, no ar; os seres espirituais no fluido espiritual ou
etéreo, mesmo que estejam na Terra. O fluido etéreo está
para as necessidades do Espírito, como a atmosfera para as
dos encarnados. Ora, do mesmo modo que os peixes não
podem viver no ar; que os animais terrestres não podem
viver numa atmosfera muito rarefeita para seus pulmões, os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão
dos fluidos mais etéreos. Não morreriam no meio
desses fluidos, porque o Espírito não morre, mas uma força instintiva os mantêm afastados dali, como a criatura
terrena se afasta de um fogo muito ardente ou de uma luz
muito deslumbrante. Eis aí por que não podem sair do meio
que lhes é apropriado à natureza; para mudarem de meio,
precisam antes mudar de natureza, despojar-se dos instintos
materiais que os retêm nos meios materiais; numa palavra,
que se depurem e moralmente se transformem. Então,
gradualmente se identificam com um meio mais
depurado, que se lhes torna uma necessidade, como os
olhos, para quem viveu longo tempo nas trevas, insensivelmente
se habituam à luz do dia e ao fulgor do Sol.
12. Assim, tudo no universo se liga, tudo se encadeia; tudo
se acha submetido à grande e harmoniosa lei de unidade,
desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade.
A Terra é qual vaso donde se escapa uma
fumaça densa que vai clareando à medida que se eleva e
cujas parcelas rarefeitas se perdem no espaço infinito.
A potência divina refulge em todas as partes desse grandioso conjunto e, no entanto, quer-se que Deus, não contente com o que há feito, venha perturbar essa harmonia! que se rebaixe ao papel de mágico, produzindo efeitos pueris, dignos de um prestidigitador! E ousa-se, ainda por cima, dar-lhe como rival em habilidade o próprio Satanás! Não haveria modo de amesquinhar mais a majestade divina e admiram-se de que a incredulidade progrida.
Tendes razão de dizer: “A fé vai-se.” Mas, a que se vai é a fé em tudo o que aberra do bom senso e da razão; é a fé idêntica à que outrora levava a dizerem: “Vão-se os deuses!” A fé, porém, nas coisas sérias, a fé em Deus e na imortalidade, essa está sempre vivaz no coração do homem e, por mais sufocada que tenha sido sob o amontoado de histórias pueris com que a oprimiram, ela se reerguerá mais forte, desde que se sinta libertada, tal como a planta que, comprimida, se levanta de novo, logo que a banham os raios-do-Sol! Efetivamente, tudo é milagre em a natureza, porque tudo é admirável e dá testemunho da sabedoria divina! Esses milagres se patenteiam a toda gente, a todos os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir e não em proveito apenas de alguns! Não! milagres não há no sentido que comumente emprestam a essa palavra, porque tudo decorre das leis eternas da criação, leis essas perfeitas.
A potência divina refulge em todas as partes desse grandioso conjunto e, no entanto, quer-se que Deus, não contente com o que há feito, venha perturbar essa harmonia! que se rebaixe ao papel de mágico, produzindo efeitos pueris, dignos de um prestidigitador! E ousa-se, ainda por cima, dar-lhe como rival em habilidade o próprio Satanás! Não haveria modo de amesquinhar mais a majestade divina e admiram-se de que a incredulidade progrida.
Tendes razão de dizer: “A fé vai-se.” Mas, a que se vai é a fé em tudo o que aberra do bom senso e da razão; é a fé idêntica à que outrora levava a dizerem: “Vão-se os deuses!” A fé, porém, nas coisas sérias, a fé em Deus e na imortalidade, essa está sempre vivaz no coração do homem e, por mais sufocada que tenha sido sob o amontoado de histórias pueris com que a oprimiram, ela se reerguerá mais forte, desde que se sinta libertada, tal como a planta que, comprimida, se levanta de novo, logo que a banham os raios-do-Sol! Efetivamente, tudo é milagre em a natureza, porque tudo é admirável e dá testemunho da sabedoria divina! Esses milagres se patenteiam a toda gente, a todos os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir e não em proveito apenas de alguns! Não! milagres não há no sentido que comumente emprestam a essa palavra, porque tudo decorre das leis eternas da criação, leis essas perfeitas.
Ação dos Espíritos sobre os fluidos. Criação fluídica. Fotografia do pensamento.
13. Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados
do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera
dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais
sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos
especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito, mas
que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente
à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao
mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da
luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento, como o
ar o é do som.
14. Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não
manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas
empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos,
o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem.
Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal
ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam
com eles conjuntos que
apresentam uma aparência,
uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes
as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de
outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a
grande oficina ou laboratório da vida espiritual.
Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.
É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores — enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. — que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e a que se transporte o seu pensamento.
Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste.*
* Revue spirite, junho de 1859, pág. 184. — O Livro dos Médiuns, 2.ª Parte, cap. VIII.
Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.
É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores — enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. — que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e a que se transporte o seu pensamento.
Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste.*
* Revue spirite, junho de 1859, pág. 184. — O Livro dos Médiuns, 2.ª Parte, cap. VIII.
15. Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua
sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o
pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer,
sem receio de errar, que há, nesses fluidos, ondas e raios
de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como
há no ar ondas e raios sonoros.
Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a ideia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.
Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições. Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus.
Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a ideia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.
Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições. Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus.
Qualidade dos fluidos.
16. Tem consequências de importância capital e direta para
os encarnados a ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais.
Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo
este modificar-lhes as propriedades, é evidente que
eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou
más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se
pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos
corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas
deletérios corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem
os Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto,
viciados, ao passo que os que recebem a influência dos
bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o grau da
perfeição moral destes.
17. Fora impossível fazer-se uma enumeração ou classificação
dos bons e dos maus fluidos, ou especificar-lhes as
respectivas qualidades, por ser tão grande quanto a dos
pensamentos a diversidade deles.
Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos.
Também carecem de denominações particulares. Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.
Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos.
Também carecem de denominações particulares. Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.
18. Sendo apenas Espíritos encarnados, os homens têm
uma parcela da vida espiritual, visto que vivem dessa vida
tanto quanto da vida corporal; primeiramente, durante o
sono e, muitas vezes, no estado de vigília. O Espírito, encarnado,
conserva, com as qualidades que lhe são próprias,
o seu perispírito que, como se sabe, não fica circunscrito
pelo corpo, mas irradia ao seu
derredor e o envolve como
que de uma atmosfera fluídica.
Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados.
O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.
Desde que estes se modificam pela projeção dos pensamentos do Espírito, seu invólucro perispirítico, que é parte constituinte do seu ser e que recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há de, ainda mais, guardar a de suas qualidades boas ou más. Os fluidos viciados pelos eflúvios dos maus Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos perispíritos, porém, serão sempre os mesmos, enquanto o Espírito não se modificar por si próprio.
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses flui dos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.
Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.
Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos que o encarnado absorve pelos poros perispiríticos, como absorve pelos poros do corpo os miasmas pestilenciais.
Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados.
O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.
Desde que estes se modificam pela projeção dos pensamentos do Espírito, seu invólucro perispirítico, que é parte constituinte do seu ser e que recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há de, ainda mais, guardar a de suas qualidades boas ou más. Os fluidos viciados pelos eflúvios dos maus Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos perispíritos, porém, serão sempre os mesmos, enquanto o Espírito não se modificar por si próprio.
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses flui dos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.
Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.
Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos que o encarnado absorve pelos poros perispiríticos, como absorve pelos poros do corpo os miasmas pestilenciais.
19. Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares
de reunião. Uma assembleia é um foco de irradiação
de pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro
de pensamentos, onde cada um emite uma nota. Resulta
daí uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos
cuja impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como
num coro musical cada um recebe a impressão dos sons
pelo sentido da audição.
Mas, do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas ou dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmonioso, agradável é a impressão; penosa, se aquele é discordante. Ora, para isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize por palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre.
Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, porque impregnado de salutares eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe misturem alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse modo também se explica a ansiedade, o indefinível mal-estar que se experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensamentos provocam correntes de fluido nauseabundo.
Mas, do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas ou dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmonioso, agradável é a impressão; penosa, se aquele é discordante. Ora, para isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize por palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre.
Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, porque impregnado de salutares eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe misturem alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse modo também se explica a ansiedade, o indefinível mal-estar que se experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensamentos provocam correntes de fluido nauseabundo.
20. O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito
físico que reage sobre o moral, fato este que só o Espiritismo
podia tornar compreensível. O homem o sente instintivamente,
visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas,
onde sabe que pode haurir novas forças morais,
podendo-se dizer que, em tais reuniões, ele recupera as
perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do
pensamento, como recupera, por meio dos alimentos, as
perdas do corpo material. É que, com efeito, o pensamento
é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais
e, conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira
tal que o homem precisa retemperar-se com os eflúvios
que recebe do exterior.
Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.
Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.
21. Dir-se-á que se podem evitar os homens sabidamente
mal-intencionados. É fora de dúvida; mas, como fugiremos
à influência dos maus Espíritos que pululam em torno de
nós e por toda parte se insinuam, sem serem vistos?
O meio é muito simples, porque depende da vontade do homem, que traz consigo o necessário preservativo. Os fluidos se combinam pela semelhança de suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; há incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.
Que se faz quando está viciado o ar? Procede-se ao seu saneamento, cuida-se de depurá-lo, destruindo o foco dos miasmas, expelindo os eflúvios malsãos, por meio de mais fortes correntes de ar salubre. À invasão, pois, dos maus fluidos, cumpre se oponham os fluidos bons e, como cada um tem no seu próprio perispírito uma fonte fluídica permanente, todos trazem consigo o remédio aplicável. Trata-se apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as más influências um repulsor, em vez de ser uma força atrativa. O perispírito, portanto, é uma couraça a que se deve dar a melhor têmpera possível. Ora, como as suas qualidades guardam relação com as da alma, importa se trabalhe por melhorá-la, pois que são as imperfeições da alma que atraem os Espíritos maus.
As moscas são atraídas pelos focos de corrupção; destruídos esses focos, elas desaparecerão. Os maus Espíritos, igualmente, vão para onde o mal os atrai; eliminado o mal, eles se afastarão. Os Espíritos realmente bons, encarnados ou desencarnados, nada têm que temer da influência dos maus.
O meio é muito simples, porque depende da vontade do homem, que traz consigo o necessário preservativo. Os fluidos se combinam pela semelhança de suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; há incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.
Que se faz quando está viciado o ar? Procede-se ao seu saneamento, cuida-se de depurá-lo, destruindo o foco dos miasmas, expelindo os eflúvios malsãos, por meio de mais fortes correntes de ar salubre. À invasão, pois, dos maus fluidos, cumpre se oponham os fluidos bons e, como cada um tem no seu próprio perispírito uma fonte fluídica permanente, todos trazem consigo o remédio aplicável. Trata-se apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as más influências um repulsor, em vez de ser uma força atrativa. O perispírito, portanto, é uma couraça a que se deve dar a melhor têmpera possível. Ora, como as suas qualidades guardam relação com as da alma, importa se trabalhe por melhorá-la, pois que são as imperfeições da alma que atraem os Espíritos maus.
As moscas são atraídas pelos focos de corrupção; destruídos esses focos, elas desaparecerão. Os maus Espíritos, igualmente, vão para onde o mal os atrai; eliminado o mal, eles se afastarão. Os Espíritos realmente bons, encarnados ou desencarnados, nada têm que temer da influência dos maus.
II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais.
Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos.
22. O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e
a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado
se acha em relação contínua com os desencarnados;
é, em suma, por seu intermédio, que se operam no
homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não
se encontra na matéria tangível e que, por essa razão,
parecem sobrenaturais.
É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.
No homem, tais fenômenos constituem a manifestação da vida espiritual; é a alma a atuar fora do organismo. Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual. Lê o pensamento figurado no raio fluídico (n.º 15).*
* Fatos de dupla vista e lucidez sonambúlica relatados na Revue spirite : janeiro de 1858, pág. 25; novembro de 1858, pág. 313; julho de 1861, pág. 193; novembro de 1865, pág. 352.
É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.
No homem, tais fenômenos constituem a manifestação da vida espiritual; é a alma a atuar fora do organismo. Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual. Lê o pensamento figurado no raio fluídico (n.º 15).*
* Fatos de dupla vista e lucidez sonambúlica relatados na Revue spirite : janeiro de 1858, pág. 25; novembro de 1858, pág. 313; julho de 1861, pág. 193; novembro de 1865, pág. 352.
23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao
corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que
não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se
a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço.
Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua
vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo
preso à gleba.
Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. ( O Livro dos Espíritos, Parte 2.ª, cap. VIII.)
Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto que o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também.
O laço fluídico que o prende ao corpo só por ocasião da morte se rompe definitivamente; a separação completa somente se dá por efeito da extinção absoluta da atividade vital. Enquanto o corpo vive, o Espírito, a qualquer distância que esteja, é instantaneamente chamado à sua prisão, desde que a sua presença aí se torne necessária. Ele, então, retoma o curso da vida exterior de relação. Por vezes, ao despertar, conserva das suas peregrinações uma lembrança, uma imagem mais ou menos precisa, que constitui o sonho. Quando nada, traz delas intuições que lhe sugerem ideias e pensamentos novos e justificam o provérbio: “ A noite é boa conselheira.”
Assim igualmente se explicam certos fenômenos característicos do sonambulismo natural e magnético, da catalepsia, da letargia, do êxtase, etc., e que mais não são do que manifestações da vida espiritual.*
* Casos de letargia e de catalepsia: Revue spirite: “Senhora Schwabenhaus”, setembro de 1858, pág. 255; — “A jovem cataléptica da Suábia”, janeiro de 1866, pág. 18.
Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. ( O Livro dos Espíritos, Parte 2.ª, cap. VIII.)
Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto que o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também.
O laço fluídico que o prende ao corpo só por ocasião da morte se rompe definitivamente; a separação completa somente se dá por efeito da extinção absoluta da atividade vital. Enquanto o corpo vive, o Espírito, a qualquer distância que esteja, é instantaneamente chamado à sua prisão, desde que a sua presença aí se torne necessária. Ele, então, retoma o curso da vida exterior de relação. Por vezes, ao despertar, conserva das suas peregrinações uma lembrança, uma imagem mais ou menos precisa, que constitui o sonho. Quando nada, traz delas intuições que lhe sugerem ideias e pensamentos novos e justificam o provérbio: “ A noite é boa conselheira.”
Assim igualmente se explicam certos fenômenos característicos do sonambulismo natural e magnético, da catalepsia, da letargia, do êxtase, etc., e que mais não são do que manifestações da vida espiritual.*
* Casos de letargia e de catalepsia: Revue spirite: “Senhora Schwabenhaus”, setembro de 1858, pág. 255; — “A jovem cataléptica da Suábia”, janeiro de 1866, pág. 18.
24. Pois que a visão espiritual não se opera por meio dos
olhos do corpo, segue-se que a percepção das coisas não se
verifica mediante a luz ordinária: de fato, a luz material é
feita para o mundo material; para o mundo espiritual, uma
luz especial existe, cuja natureza desconhecemos, porém
que é, sem dúvida, uma das propriedades do fluido etéreo,
adequada às percepções visuais da alma. Há, portanto, luz
material e luz espiritual. A primeira emana de focos circunscritos
aos corpos luminosos; a segunda tem o seu foco
em toda parte: tal a razão por que não há obstáculo para a
visão espiritual, que não é embaraçada nem pela distância,
nem pela opacidade da matéria, não existindo para ela a
obscuridade. O mundo espiritual é, pois, iluminado pela
luz espiritual, que tem seus efeitos próprios, como o
mundo material é iluminado pela luz solar.
25. Assim, envolta no seu perispírito, a alma tem consigo o
seu princípio luminoso. Penetrando a matéria por virtude
da sua essência etérea, não há, para a sua visão, corpos
opacos.
Entretanto, a vista espiritual não é idêntica, quer em extensão, quer em penetração, para todos os Espíritos. Somente os Espíritos puros a possuem em todo o seu poder. Nos inferiores ela se acha enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se lhe interpõe qual nevoeiro.
Manifesta-se em diferentes graus, nos Espíritos encarnados, pelo fenômeno da segunda vista, tanto no sonambulismo natural ou magnético, quanto no estado de vigília. Conforme o grau de poder da faculdade, diz-se que a lucidez é maior ou menor. Com o auxílio dessa faculdade é que certas pessoas veem o interior do organismo humano e descrevem as causas das enfermidades.
Entretanto, a vista espiritual não é idêntica, quer em extensão, quer em penetração, para todos os Espíritos. Somente os Espíritos puros a possuem em todo o seu poder. Nos inferiores ela se acha enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se lhe interpõe qual nevoeiro.
Manifesta-se em diferentes graus, nos Espíritos encarnados, pelo fenômeno da segunda vista, tanto no sonambulismo natural ou magnético, quanto no estado de vigília. Conforme o grau de poder da faculdade, diz-se que a lucidez é maior ou menor. Com o auxílio dessa faculdade é que certas pessoas veem o interior do organismo humano e descrevem as causas das enfermidades.
26. A vista espiritual, portanto, faculta percepções especiais
que, não tendo por sede os órgãos materiais, se operam em
condições muito diversas das que decorrem da vida corporal.
Efetuando-se fora do organismo, tem ela uma mobilidade
que derrui todas as previsões. Indispensável se torna
estudá-la em seus efeitos e em suas causas e não assimilando-a
à vista ordinária, que ela não se destina a suprir,
salvo casos excepcionais, que se não poderiam tomar como
regra.
27. Necessariamente incompleta e imperfeita é a vista espiritual
nos Espíritos encarnados e, por conseguinte, sujeita
a aberrações. Tendo por sede a própria alma, o estado desta
há de influir nas percepções que aquela vista faculte.
Segundo o grau de desenvolvimento, as circunstâncias e o
estado moral do indivíduo, pode ela dar, quer durante o
sono, quer no estado de vigília: 1.º a percepção de certos
fatos materiais e reais, como o conhecimento de alguns que
ocorram a grande distância, os detalhes descritivos de uma
localidade, as causas de uma enfermidade e os remédios
convenientes; 2.º a percepção de coisas igualmente reais do
mundo espiritual, como a presença dos Espíritos; 3.º imagens
fantásticas criadas pela imaginação, análogas às criações fluídicas do pensamento (veja-se, acima, o n.º 14). Estas
criações se acham sempre em relação com as disposições
morais do Espírito que as gera. É assim que o pensamento
de pessoas fortemente imbuídas de certas crenças religiosas
e com elas preocupadas lhes apresenta o inferno, suas fornalhas,
suas torturas e seus demônios, tais quais essas
pessoas os imaginam. Às vezes, é toda uma epopeia. Os
pagãos viam o Olimpo e o Tártaro, como os cristãos veem o
inferno e o paraíso. Se, ao despertarem, ou ao saírem do
êxtase, conservam lembrança exata de suas visões, os que
as tiveram tomam-nas como realidades confirmativas de
suas crenças, quando tudo não passa de produto de seus
próprios pensamentos*. Cumpre, pois, se faça uma distinção muito rigorosa nas visões extáticas, antes que
se lhes dê crédito. A tal propósito, o remédio para a excessiva
credulidade é o estudo das leis que regem o mundo
espiritual.
* Podem explicar-se assim as visões da irmã Elmerich que, reportando-se ao tempo da paixão do Cristo, diz ter visto coisas materiais, que nunca existiram, senão nos livros que ela leu; as da Sra. Cantanille ( Revue spirite, de agosto de 1866, pág. 240) e uma parte das de Swedenborg.
28. Os sonhos propriamente ditos apresentam os três
caracteres das visões acima descritas. Às duas primeiras
categorias dessas visões pertencem os sonhos de previsões,
pressentimentos e avisos*. Na terceira, isto é, nas criações
fluídicas do pensamento, é que se pode deparar com a causa
de certas imagens fantásticas, que nada têm de real,
com relação à vida corpórea, mas que apresentam às vezes,
para o Espírito, uma realidade tal, que o corpo lhe sente o
contrachoque, havendo casos em que os cabelos
embranquecem sob a impressão de um sonho. Podem essas
criações ser provocadas: pela exaltação das crenças;
por lembranças retrospectivas; por gostos, desejos, paixões,
temor, remorsos; pelas preocupações habituais; pelas necessidades
do corpo, ou por um embaraço nas funções do
organismo; finalmente, por outros Espíritos, com objetivo
benévolo ou maléfico, conforme a sua natureza.**
* Veja-se, abaixo, o cap. XVI, “Teoria da presciência”, nos 1, 2 e 3.
** Revue spirite, junho de 1866, pág. 172, e setembro de 1866, pág. 284. — O Livro dos Espíritos, Parte 2.a, cap. VIII, n.º 400.
* Veja-se, abaixo, o cap. XVI, “Teoria da presciência”, nos 1, 2 e 3.
** Revue spirite, junho de 1866, pág. 172, e setembro de 1866, pág. 284. — O Livro dos Espíritos, Parte 2.a, cap. VIII, n.º 400.
Catalepsia. Ressurreições.
29. A matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico igualmente
o é, mas transmite a sensação ao centro sensitivo,
que é o Espírito. As lesões dolorosas do corpo repercutem,
pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do
fluido perispiritual, que parece ter nos nervos os seus fios
condutores. É o influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo
as relações desse fluido com o princípio espiritual,
ainda não puderam achar explicação para todos os
efeitos.
A interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobre-excitação ou preocupação do Espírito. Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual uma modificação molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se lhe faz em torno. Efeito análogo, porém mais pronunciado, se verifica nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires. ( Revue spirite, janeiro, de 1868: “Estudo sobre os Aissaouas”.)
A paralisia já não tem absolutamente a mesma causa: aí o efeito é todo orgânico; são os próprios nervos, os fios condutores que se tornam inaptos à circulação fluídica; são as cordas do instrumento que se alteraram.
A interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobre-excitação ou preocupação do Espírito. Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual uma modificação molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se lhe faz em torno. Efeito análogo, porém mais pronunciado, se verifica nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires. ( Revue spirite, janeiro, de 1868: “Estudo sobre os Aissaouas”.)
A paralisia já não tem absolutamente a mesma causa: aí o efeito é todo orgânico; são os próprios nervos, os fios condutores que se tornam inaptos à circulação fluídica; são as cordas do instrumento que se alteraram.
30. Em certos estados patológicos, quando o Espírito há
deixado o corpo e o perispírito só por alguns pontos se lhe
acha aderido, apresenta ele, o corpo, todas as aparências
da morte e enuncia-se uma verdade absoluta, dizendo que
a vida aí está por um fio. Semelhante estado pode durar
mais ou menos tempo; podem mesmo algumas partes do
corpo entrar em decomposição, sem que, no entanto, a vida
se ache definitivamente extinta. Enquanto não se haja rompido
o último fio, pode o Espírito, quer por uma ação enérgica,
da sua própria vontade, quer por um influxo fluídico
estranho, igualmente forte, ser chamado a volver ao corpo.
É como se explicam certos fatos de prolongamento da vida
contra todas as probabilidades e algumas supostas ressurreições.
É a planta a renascer, como às vezes se dá, de uma
só fibrila da raiz. Quando, porém, as últimas moléculas do
corpo fluídico se têm destacado do corpo carnal, ou quando
este último há chegado a um estado irreparável de degradação,
impossível se torna todo regresso à vida.*
* Exemplos: Revue spirite, “O doutor Cardon”, agosto de 1863, pág. 251; — “A mulher corsa”, maio de 1866, pág. 134.
* Exemplos: Revue spirite, “O doutor Cardon”, agosto de 1863, pág. 251; — “A mulher corsa”, maio de 1866, pág. 134.
Curas.
31. Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo
do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples
transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse
fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios
reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado,
é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado
uma parte da substância do seu envoltório fluídico. A
cura se opera mediante a substituição de uma molécula
malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois,
na razão direta da pureza da substância inoculada; mas,
depende também da energia da vontade que, quanto maior
for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto
maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda
das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja
homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte
impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.
32. São extremamente variados os efeitos da ação fluídica
sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas
vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como
no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma
corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam
curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas
da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da
vontade. Entre os dois polos extremos dessa faculdade, há
infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades
do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela rapidez
da ação. O princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito
se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias
especiais.
33. A ação magnética pode produzir-se de muitas
maneiras:
1.º pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2.º pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;*
3.º pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.
* Exemplos: Revue spirite, fevereiro de 1863, pág. 64; — abril de 1865, pág. 113; — setembro de 1865, pág. 264.
1.º pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2.º pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;*
3.º pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.
* Exemplos: Revue spirite, fevereiro de 1863, pág. 64; — abril de 1865, pág. 113; — setembro de 1865, pág. 264.
34. É muito comum a faculdade de curar pela influência
fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a
de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa
é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional.
No entanto, em épocas diversas e no seio de quase
todos os povos, surgiram indivíduos que a possuíam em
grau eminente. Nestes últimos tempos, apareceram muitos
exemplos notáveis, cuja autenticidade não sofre contestação. Uma vez que as curas desse gênero assentam num
princípio natural e que o poder de operá-las não constitui
privilégio, o que se segue é que elas não se operam fora da
natureza e que só são miraculosas na aparência.*
* Casos de curas instantâneas relatados na Revue spirite: “O príncipe de Hohenlohe”, dezembro de 1866, pág. 368; — “Jacob”, outubro e novembro de 1866, págs. 312 e 345; outubro e novembro de 1867, págs. 306 e 339; — “Simonet”, agosto de 1867, página 232; — “Caid Hassan”, outubro de 1867, pág. 303; — “O cura Gassner”, novembro de 1867, pág. 331.
* Casos de curas instantâneas relatados na Revue spirite: “O príncipe de Hohenlohe”, dezembro de 1866, pág. 368; — “Jacob”, outubro e novembro de 1866, págs. 312 e 345; outubro e novembro de 1867, págs. 306 e 339; — “Simonet”, agosto de 1867, página 232; — “Caid Hassan”, outubro de 1867, pág. 303; — “O cura Gassner”, novembro de 1867, pág. 331.
Aparições. Transfigurações.
35. Para nós, o perispírito, no seu estado normal, é invisível; mas, como é formado de substância etérea, o Espírito,
em certos casos, pode, por ato da sua vontade, fazê-lo passar
por uma modificação molecular que o torna momentaneamente
visível. É assim que se produzem as aparições,
que não se dão, do mesmo modo que os outros fenômenos,
fora das leis da natureza. Nada tem esse de mais extraordinário,
do que o do vapor que, quando muito rarefeito, é
invisível, mas que se torna visível, quando condensado.
Conforme o grau de condensação do fluido perispirítico, a aparição é às vezes vaga e vaporosa; doutras vezes, mais nitidamente definida; doutras, enfim, com todas as aparências da matéria tangível. Pode, mesmo, chegar, até, à tangibilidade real, ao ponto de o observador se enganar com relação à natureza do ser que tem diante de si. São frequentes as aparições vaporosas, forma sob a qual muitos indivíduos, depois de terem morrido, se apresentam às pessoas que lhes são afeiçoadas. As aparições tangíveis são mais raras, se bem haja delas numerosíssimos casos, perfeitamente autenticados. Se o Espírito quer dar-se a conhecer, imprime ao seu envoltório todos os sinais exteriores que tinha quando vivo.*
* O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, caps. VI e VII.
Conforme o grau de condensação do fluido perispirítico, a aparição é às vezes vaga e vaporosa; doutras vezes, mais nitidamente definida; doutras, enfim, com todas as aparências da matéria tangível. Pode, mesmo, chegar, até, à tangibilidade real, ao ponto de o observador se enganar com relação à natureza do ser que tem diante de si. São frequentes as aparições vaporosas, forma sob a qual muitos indivíduos, depois de terem morrido, se apresentam às pessoas que lhes são afeiçoadas. As aparições tangíveis são mais raras, se bem haja delas numerosíssimos casos, perfeitamente autenticados. Se o Espírito quer dar-se a conhecer, imprime ao seu envoltório todos os sinais exteriores que tinha quando vivo.*
* O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, caps. VI e VII.
36. É de notar-se que as aparições tangíveis só têm da
matéria carnal as aparências; não poderiam ter dela as
qualidades. Em virtude da sua natureza fluídica, não podem
ter a coesão da matéria, porque, em realidade, não há
nelas carne. Formam-se instantaneamente e instantaneamente
desaparecem, ou se evaporam pela desagregação das
moléculas fluídicas. Os seres que se apresentam nessas
condições não nascem, nem morrem, como os outros homens.
São vistos e deixam de ser vistos, sem que se saiba
donde vêm, como vieram, nem para onde vão. Ninguém os
poderia matar, nem prender, nem encarcerar, visto carecerem
de corpo carnal. Atingiriam o vácuo os golpes que se
lhes desferissem.
Tal o caráter dos agêneres, com os quais se pode confabular, sem suspeitar de que eles o sejam, mas que não demoram longo tempo entre os humanos e não podem tornar-se comensais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família.
Ao demais, denotam sempre, em suas atitudes, qualquer coisa de estranho e de insólito que deriva ao mesmo tempo da materialidade e da espiritualidade: neles, o olhar é simultaneamente vaporoso e brilhante, carece da nitidez do olhar através dos olhos da carne; a linguagem, breve e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem humana; a aproximação deles causa uma sensação singular e indefinível de surpresa, que inspira uma espécie de temor; e quem com eles se põe em contacto, embora os tome por indivíduos quais todos os outros, é levado a dizer involuntariamente: Ali está uma criatura singular.*
* Exemplos de aparições vaporosas ou tangíveis e de agêneres: Revue spirite , janeiro de 1858, pág. 24; — outubro de 1858, pág. 291; — fevereiro de 1859, pág. 38; — março de 1859, pág. 80; — janeiro de 1859, pág. 11; — novembro de 1859, pág. 303; — agosto de 1859, pág. 210; — abril de 1860, pág. 117; — maio de 1860, pág. 150; — julho de 1861, pág. 199; — abril de 1866, pág. 120; — “O lavrador Martinho, apresentado a Luiz XVIII, detalhes completos”, dezembro de 1866, pág. 353.
Tal o caráter dos agêneres, com os quais se pode confabular, sem suspeitar de que eles o sejam, mas que não demoram longo tempo entre os humanos e não podem tornar-se comensais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família.
Ao demais, denotam sempre, em suas atitudes, qualquer coisa de estranho e de insólito que deriva ao mesmo tempo da materialidade e da espiritualidade: neles, o olhar é simultaneamente vaporoso e brilhante, carece da nitidez do olhar através dos olhos da carne; a linguagem, breve e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem humana; a aproximação deles causa uma sensação singular e indefinível de surpresa, que inspira uma espécie de temor; e quem com eles se põe em contacto, embora os tome por indivíduos quais todos os outros, é levado a dizer involuntariamente: Ali está uma criatura singular.*
* Exemplos de aparições vaporosas ou tangíveis e de agêneres: Revue spirite , janeiro de 1858, pág. 24; — outubro de 1858, pág. 291; — fevereiro de 1859, pág. 38; — março de 1859, pág. 80; — janeiro de 1859, pág. 11; — novembro de 1859, pág. 303; — agosto de 1859, pág. 210; — abril de 1860, pág. 117; — maio de 1860, pág. 150; — julho de 1861, pág. 199; — abril de 1866, pág. 120; — “O lavrador Martinho, apresentado a Luiz XVIII, detalhes completos”, dezembro de 1866, pág. 353.
37. Sendo o mesmo o perispírito, assim nos encarnados,
como nos desencarnados, um Espírito encarnado, por efeito
completamente idêntico, pode, num momento de liberdade,
aparecer em ponto diverso do em que repousa seu
corpo, com os traços que lhe são habituais e com todos os
sinais de sua identidade. Foi esse fenômeno, do qual se
conhecem muitos casos autênticos, que deu lugar à crença
nos homens duplos.*
* Exemplos de aparições de pessoas vivas: Revue spirite, de dezembro de 1858, págs. 329 e 331; — fevereiro de 1859, pág. 41; — agosto de 1859, pág. 197; — novembro de 1860, pág. 356.
* Exemplos de aparições de pessoas vivas: Revue spirite, de dezembro de 1858, págs. 329 e 331; — fevereiro de 1859, pág. 41; — agosto de 1859, pág. 197; — novembro de 1860, pág. 356.
38. Um efeito peculiar aos fenômenos dessa espécie consiste
em que as aparições vaporosas e, mesmo, tangíveis,
não são perceptíveis a toda gente, indistintamente. Os Espíritos
só se mostram quando o querem e a quem também
o querem. Um Espírito, pois, poderia aparecer, numa assembleia,
a um ou a muitos dos presentes e não ser visto
pelos demais. Dá-se isso, porque as percepções desse gênero
se efetuam por meio da vista espiritual, e não por intermédio
da vista carnal; pois não só aquela não é dada a toda
gente, como pode, se for conveniente, ser retirada, pela só vontade
do Espírito, àquele a quem ele não queira mostrar-se,
como pode dá-la, momentaneamente, se entender
necessário.
À condensação do fluido perispirítico nas aparições, indo mesmo até à tangibilidade, faltam as propriedades da matéria ordinária: se tal não se desse, as aparições seriam perceptíveis pelos olhos do corpo e, então, todas as pessoas presentes as perceberiam.*
* Devem acolher-se com extrema reserva as narrativas de aparições puramente individuais que, em certos casos, poderiam não passar de efeito de uma imaginação sobreexcitada e, porventura, de uma invenção com fins interesseiros. Convém, pois, levar em conta, muito escrupulosamente, as circunstâncias, a honradez da pessoa, assim como o interesse que ela possa ter em abusar da credulidade de indivíduos excessivamente confiantes.
À condensação do fluido perispirítico nas aparições, indo mesmo até à tangibilidade, faltam as propriedades da matéria ordinária: se tal não se desse, as aparições seriam perceptíveis pelos olhos do corpo e, então, todas as pessoas presentes as perceberiam.*
* Devem acolher-se com extrema reserva as narrativas de aparições puramente individuais que, em certos casos, poderiam não passar de efeito de uma imaginação sobreexcitada e, porventura, de uma invenção com fins interesseiros. Convém, pois, levar em conta, muito escrupulosamente, as circunstâncias, a honradez da pessoa, assim como o interesse que ela possa ter em abusar da credulidade de indivíduos excessivamente confiantes.
39. Podendo o Espírito operar transformações na contextura
do seu envoltório perispirítico e irradiando-se esse envoltório em torno do corpo qual atmosfera fluídica, pode produzir-se
na superfície mesma do corpo um fenômeno análogo
ao das aparições. Pode a imagem real do corpo apagar-se
mais ou menos completamente, sob a camada fluídica, e
assumir outra aparência; ou, então, vistos através da camada
fluídica modificada, os traços primitivos podem tomar
outra expressão. Se, saindo do terra-a-terra, o Espírito
encarnado se identifica com as coisas do mundo espiritual,
pode a expressão de um semblante feio tornar-se bela, radiosa
e até luminosa; se, ao contrário, o Espírito é presa de
paixões más, um semblante belo pode tomar um aspecto
horrendo.
Assim se operam as transfigurações, que refletem sempre qualidades e sentimentos predominantes no Espírito. O fenômeno resulta, portanto, de uma transformação fluídica; é uma espécie de aparição perispirítica, que se produz sobre o próprio corpo do vivo e, algumas vezes, no momento da morte, em lugar de se produzir ao longe, como nas aparições propriamente ditas. O que distingue as aparições desse gênero é o serem, geralmente, perceptíveis por todos os assistentes e com os olhos do corpo, precisamente por se basearem na matéria carnal visível, ao passo que, nas aparições puramente fluídicas, não há matéria tangível.*
* Exemplo e teoria da transfiguração: Revue spirite, março de 1859, pág. 62. — O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, cap. VII.
Assim se operam as transfigurações, que refletem sempre qualidades e sentimentos predominantes no Espírito. O fenômeno resulta, portanto, de uma transformação fluídica; é uma espécie de aparição perispirítica, que se produz sobre o próprio corpo do vivo e, algumas vezes, no momento da morte, em lugar de se produzir ao longe, como nas aparições propriamente ditas. O que distingue as aparições desse gênero é o serem, geralmente, perceptíveis por todos os assistentes e com os olhos do corpo, precisamente por se basearem na matéria carnal visível, ao passo que, nas aparições puramente fluídicas, não há matéria tangível.*
* Exemplo e teoria da transfiguração: Revue spirite, março de 1859, pág. 62. — O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, cap. VII.
Manifestações físicas. Mediunidade.
40. Os fenômenos das mesas girantes e falantes, da suspensão
etérea de corpos pesados, da escrita mediúnica, tão
antigos quanto o mundo, porém vulgares hoje, facultam a
explicação de alguns outros, análogos e espontâneos, aos
quais, pela ignorância da lei que os rege, se atribuía caráter
sobrenatural e miraculoso. Tais fenômenos têm por base
as propriedades do fluido perispirítico, quer dos encarnados,
quer dos Espíritos livres.
41. Por meio do seu perispírito é que o Espírito atuava
sobre o seu corpo vivo; ainda por intermédio desse mesmo
fluido é que ele se manifesta; atuando sobre a matéria
inerte, é que produz ruídos, movimentos de mesa e outros
objetos, que os levanta, derriba, ou transporta. Nada tem
de surpreendente esse fenômeno, se considerarmos que,
entre nós, os mais possantes motores se encontram nos
fluidos mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar,
o vapor e a eletricidade.
É igualmente com o concurso do seu perispírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.
É igualmente com o concurso do seu perispírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.
42. Pelo mesmo processo atua o Espírito sobre a mesa,
quer para que esta se mova, sem que o seu movimento tenha
significação determinada, quer para que dê pancadas
inteligentes, indicativas das letras do alfabeto, a fim de formarem palavras e frases, fenômeno esse denominado
tiptologia. A mesa não passa de um instrumento de que o
Espírito se utiliza, como se utiliza do lápis para escrever.
Para esse efeito, dá-lhe ele uma vitalidade momentânea,
por meio do fluido que lhe inocula, porém absolutamente
não se identifica com ela.
Praticam um ato ridículo as pessoas que, tomadas de emoção ao manifestar-se um ser que lhes é caro, abraçam a mesa; é exatamente como se abraçassem a bengala de que um amigo se sirva para bater no chão. O mesmo fazem os que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito se achasse metido na madeira, ou como se a madeira se houvesse tornado Espírito.
Quando comunicações são transmitidas por esse meio, deve-se imaginar que o Espírito está, não na mesa, mas ao lado, tal qual estaria se vivo se achasse e como seria visto, se no momento pudesse tornar-se visível. O mesmo ocorre nas comunicações pela escrita: ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo-lhe a mão ou transmitindo-lhe pensamentos por meio de uma corrente fluídica.
Praticam um ato ridículo as pessoas que, tomadas de emoção ao manifestar-se um ser que lhes é caro, abraçam a mesa; é exatamente como se abraçassem a bengala de que um amigo se sirva para bater no chão. O mesmo fazem os que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito se achasse metido na madeira, ou como se a madeira se houvesse tornado Espírito.
Quando comunicações são transmitidas por esse meio, deve-se imaginar que o Espírito está, não na mesa, mas ao lado, tal qual estaria se vivo se achasse e como seria visto, se no momento pudesse tornar-se visível. O mesmo ocorre nas comunicações pela escrita: ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo-lhe a mão ou transmitindo-lhe pensamentos por meio de uma corrente fluídica.
43. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue com a força de um braço; envolve-a e penetra-a de uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como faz o ar com os balões e papagaios. O fluido que se infiltra na mesa dá-lhe momentaneamente maior leveza específica. Quando fica pregada ao solo, ela se acha numa situação análoga à da campânula pneumática sob a qual se fez o vácuo. Não há aqui mais que simples comparações destinadas a mostrar a analogia dos efeitos e não a semelhança absoluta das causas. ( O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, cap. IV.)
Compreende-se, depois do que fica dito, que não há para o Espírito, maior dificuldade em arrebatar uma pessoa, do que em arrebatar uma mesa, em transportar um objeto de um lugar para outro, ou em atirá-lo seja onde for. Todos esses fenômenos se produzem em virtude da mesma lei.*
Quando as pancadas são ouvidas na mesa ou algures, não é que o Espírito esteja a bater com a mão, ou com qualquer objeto. Ele apenas dirige sobre o ponto donde vem o ruído um jato de fluido e este produz o efeito de um choque elétrico. Tão possível lhe é modificar o ruído, como a qualquer pessoa modificar os sons produzidos pelo ar.**
* Tal o princípio dos fenômenos de trazimento, fenômeno este muito real, mas que não convém se admita, senão com extrema reserva, porquanto é um dos que mais se prestam à imitação e à trapaçaria. Devem tomar-se em séria consideração a honradez irrecusável da pessoa que os obtém, seu absoluto desinteresse, material e moral, e o concurso das circunstâncias acessórias. Importa, sobretudo, desconfiar da produção de tais efeitos, quando eles se dêem com excessiva facilidade e ter por suspeitos os que se renovem com extrema frequência e, por assim dizer, à vontade. Os prestidigitadores fazem coisas mais extraordinárias. Não menos positivo é o fato do erguimento de uma pessoa; mas, tem que ser muito mais raro, porque mais difícil de ser imitado. É sabido que o Sr. Home se elevou mais de uma vez até ao teto, dando assim volta à sala. Dizem que S. Cupertino possuía a mesma faculdade, não sendo o fato mais miraculoso com este do que com aquele.
** Casos de manifestações materiais e de perturbações operadas pelos Espíritos: Revue spirite, “A moça dos panoramas”, janeiro de 1858, pág. 13; — “Senhorita Clairon”, fevereiro de 1858, pág. 44; — “Espírito batedor de Bergzabern” (narração completa), maio, junho e julho de 1858, págs. 125, 153 e 184; — “Dibbelsdorf”, agosto de 1858, pág. 219; — “Padeiro de Dieppe”, março de 1860, pág. 77; — “Fabricante de S. Petersburgo”, abril de 1860, pág. 115; — “Rua das Nogueiras”, agosto de 1860, pág. 235; — “Espírito batedor do Aube”, janeiro de 1861, pág. 23; — “Flagelo do século dezesseis”, janeiro de 1864, pág. 32; — “Poitiers”, maio de 1864, pág. 156 e maio de 1865, pág. 134; — “Irmã Maria”, junho de 1864, pág. 185; — “Marselha”, abril de 1865, pág. 121; — “Fives”, agosto de 1865, pág. 225; — “Os ratos de Equihem”, fevereiro de 1866, pág. 55.
44. Fenômeno muito freqüente na mediunidade é a aptidão
de certos médiuns para escrever em língua que lhes é estranha;
a explanar, oralmente ou por escrito, assuntos que lhes
estão fora do alcance da instrução recebida. Não é raro o
caso de alguns que escrevem correntemente sem nunca terem
aprendido a escrever; de outros que compõem poesias,
sem jamais na vida terem sabido fazer um verso; de outros
que desenham, pintam, esculpem, compõem música, tocam
um instrumento, sem conhecerem desenho, pintura, escultura,
ou a arte musical. Ocorre frequentemente o fato de um
médium escrevente reproduzir com perfeição a grafia e a
assinatura que os Espíritos, que por ele se comunicam,
tinham quando vivos, se bem não as haja ele conhecido.
Nada, porém, apresenta esse fenômeno de mais maravilhoso, do que o de se fazer que uma criança escreva, guiando-se-lhe a mão; pode-se, dessa maneira, conseguir que ela execute tudo o que se queira. Pode-se fazer que qualquer pessoa escreva num idioma que ela ignore, ditando-se-lhe as palavras letra por letra. Compreende-se que o mesmo se possa dar com a mediunidade, desde que se atente na maneira por que os Espíritos se comunicam com os médiuns que, para eles, mais não são do que instrumentos passivos. Se, porém, o médium tem o mecanismo, se venceu as dificuldades práticas, se lhe são familiares as expressões, se, finalmente, possui no cérebro os elementos daquilo que o Espírito quer fazê-lo executar, ele se acha na posição do homem que sabe ler e escrever correntemente; o trabalho se torna mais fácil e mais rápido; ao Espírito já não resta senão transmitir seus pensamentos ao intérprete, para que este os reproduza pelos meios de que dispõe. A aptidão de um médium para coisas que lhe são estranhas também tem frequentemente suas raízes nos conhecimentos que ele possuiu noutra existência e dos quais seu Espírito conservou a intuição. Se, por exemplo, ele foi poeta ou músico, mais facilidade encontrará para assimilar o pensamento poético ou musical que um Espírito queira fazê-lo expressar. A língua que ele hoje ignora pode ter-lhe sido familiar noutra existência, donde maior aptidão sua para escrever mediunicamente nessa língua.*
* A aptidão, que algumas pessoas denotam para línguas que elas manejam, sem, por assim dizer, as haver aprendido, não tem como origem senão a lembrança intuitiva do que souberam noutra existência. O caso do poeta Méry, relatado na Revue spirite de novembro de 1864, pág. 328, é uma prova do que dizemos. É evidente que, se na sua mocidade, Méry fora médium, teria escrito em latim tão facilmente como em francês e toda gente houvera visto nesse fato um prodígio.
Nada, porém, apresenta esse fenômeno de mais maravilhoso, do que o de se fazer que uma criança escreva, guiando-se-lhe a mão; pode-se, dessa maneira, conseguir que ela execute tudo o que se queira. Pode-se fazer que qualquer pessoa escreva num idioma que ela ignore, ditando-se-lhe as palavras letra por letra. Compreende-se que o mesmo se possa dar com a mediunidade, desde que se atente na maneira por que os Espíritos se comunicam com os médiuns que, para eles, mais não são do que instrumentos passivos. Se, porém, o médium tem o mecanismo, se venceu as dificuldades práticas, se lhe são familiares as expressões, se, finalmente, possui no cérebro os elementos daquilo que o Espírito quer fazê-lo executar, ele se acha na posição do homem que sabe ler e escrever correntemente; o trabalho se torna mais fácil e mais rápido; ao Espírito já não resta senão transmitir seus pensamentos ao intérprete, para que este os reproduza pelos meios de que dispõe. A aptidão de um médium para coisas que lhe são estranhas também tem frequentemente suas raízes nos conhecimentos que ele possuiu noutra existência e dos quais seu Espírito conservou a intuição. Se, por exemplo, ele foi poeta ou músico, mais facilidade encontrará para assimilar o pensamento poético ou musical que um Espírito queira fazê-lo expressar. A língua que ele hoje ignora pode ter-lhe sido familiar noutra existência, donde maior aptidão sua para escrever mediunicamente nessa língua.*
* A aptidão, que algumas pessoas denotam para línguas que elas manejam, sem, por assim dizer, as haver aprendido, não tem como origem senão a lembrança intuitiva do que souberam noutra existência. O caso do poeta Méry, relatado na Revue spirite de novembro de 1864, pág. 328, é uma prova do que dizemos. É evidente que, se na sua mocidade, Méry fora médium, teria escrito em latim tão facilmente como em francês e toda gente houvera visto nesse fato um prodígio.
Obsessões e possessões.
45. Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência
da inferioridade moral de seus habitantes. A ação
malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com
que a humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão
que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades
e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada
como provação ou expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.
Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.
46. Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas
influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma
imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau.
A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa
moral preciso é se contraponha uma força moral. Para
preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la
contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma;
donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se
melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para
livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário
se torna este socorro, quando a obsessão degenera em
subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente
não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.
Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. ( O Livro dos Médiuns, 2. a Parte, cap. XXIII.)
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. ( O Livro dos Médiuns, 2. a Parte, cap. XXIII.)
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
47. Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda
do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado,
ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido
a proceder contra a sua vontade.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (Cap. XI, n.º 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra; quem o haja conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (Cap. XI, n.º 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra; quem o haja conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão
pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar
e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do
corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta,
como emprestaria seu fato a outro encarnado. Isso se
verifica sem qualquer perturbação ou incômodo, durante o
tempo em que o Espírito encarnado se acha em liberdade,
como no estado de emancipação, conservando-se este
último ao lado do seu substituto para ouvi-lo.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, já por estrangulação, já atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa. São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência.*
* Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue spirite, dezembro de 1863, pág. 373; — janeiro de 1864, pág. 11; — junho de 1864, pág. 168; — janeiro de 1865, pág. 5; — junho de 1865, pág. 172; — fevereiro de 1868, pág. 38; — junho de 1867, pág. 174.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, já por estrangulação, já atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa. São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência.*
* Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue spirite, dezembro de 1863, pág. 373; — janeiro de 1864, pág. 11; — junho de 1864, pág. 168; — janeiro de 1865, pág. 5; — junho de 1865, pág. 172; — fevereiro de 1868, pág. 38; — junho de 1867, pág. 174.
49. São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão;
mas, não raro são epidêmicas. Quando sobre uma
localidade se lança uma revoada de maus Espíritos, é como
se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito
considerável o número dos indivíduos atacados.*
* Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine na Saboia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue spirite de dezembro de 1862, pág. 353; — janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.
* Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine na Saboia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue spirite de dezembro de 1862, pág. 353; — janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.