Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1867

Allan Kardec

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Variedades

A liga do ensino

Lê-se no Siècle de 10 de julho de 1867:

“Uma seção da associação fundada por Jean Macé acaba de ser autorizada em Metz, pela prefeitura, sob o nome de “Círculo da Liga do Ensino de Metz.”

A respeito, lê-se no Moselle:

“A comissão diretora eleita do círculo entrou em atividade e decidiu começar seus trabalhos pela fundação de uma biblioteca popular, no modelo das que prestam tão grandes serviços na Alsácia."

“Para essa obra, o Círculo de Metz reclama o concurso de todos e solicita a adesão de quem quer que se interesse pelo desenvolvimento da instrução e da educação em nossa cidade. Essas adesões, acompanhadas de uma quotização cujo valor e forma de pagamento são facultativos, e as doações de livros, serão recebidos por qualquer um dos membros da comissão.”

Como dissemos, quando falamos da Liga do ensino (Revista de março e abril de 1867), nossas simpatias são conquistadas por todas as ideias progressistas. Naquele projeto criticamos apenas o modo de execução. Assim, sentir-nos-emos feliz por ver aplicações práticas dessa bela ideia.


Senhora Walker, doutora em cirurgia

Os médicos e internos do Hospital de Caridade receberam sábado, durante o período da manhã, um de seus confrades americanos, a quem a última guerra da América deu uma certa reputação.

Esse doutor em cirurgia não era nada mais nada menos que a Senhora Walker, que durante a guerra da secessão dos Estados Unidos, dirigiu importante serviço de ambulâncias. Pequena, de compleição delicada, vestida com a elegante simplicidade que distingue as damas da Sociedade, a Senhora Walker foi recebida com muita simpatia e mui respeitosamente. Interessou-se vivamente pelos dois grandes serviços, o cirúrgico e o médico.

Sua presença no Hospital de Caridade proclamava um princípio novo, que recebeu sua consagração no novo mundo: a igualdade da mulher perante a Ciência.

(Opinion nationale)

(Vide a Revista de junho de 1867 e janeiro de 1866 sobre a emancipação da mulher).


O Iman, grande esmoler do Sultão

"Sábado, 6 de julho, diz o La Presse, o iman ou grande esmoler do sultão, Hairoulah-Effendi, visitou o Monsenhor Chigi, núncio apostólico, e o Monsenhor Arcebispo de Paris."

A viagem do sultão a Paris é mais que um acontecimento político. É um sinal dos tempos, o prelúdio do desaparecimento dos preconceitos religiosos que por tanto tempo ergueram uma barreira entre os povos e ensanguentaram o mundo. Vindo o sucessor de Maomé, de sua plena vontade, visitar um país cristão, fraternizando com um soberano cristão, teria sido, de sua parte, e não há muito tempo, um ato audacioso. Hoje o fato parece muito natural. O que é ainda mais significativo é a visita do Iman, seu grande esmoler, aos chefes da Igreja. A iniciativa que ele tomou nessa circunstância, porque a etiqueta a isto não obrigava, é uma prova do progresso das ideias. Os ódios religiosos são anomalias no século em que estamos, e é de bom augúrio para o futuro ver um dos príncipes da religião muçulmana dar o exemplo de tolerância e abjurar as prevenções seculares.

Uma das consequências do progresso moral será certamente um dia a unificação das crenças: ela ocorrerá quando os diferentes cultos reconhecerem que há um só Deus para todos os homens, e que é absurdo e indigno dele lançarmos anátemas porque não o adoramos da mesma maneira.


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