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Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1867 > Outubro > Dissertações espíritas
Dissertações espíritas
Conselhos sobre a mediunidade curadora
I
(Paris, 12 de março de 1867. Grupo Desliens - Médium: Sr. Desliens)
Como já vos foi dito muitas vezes nas diferentes instruções, a mediunidade curadora, conjuntamente com a faculdade de vidência, é chamada a desempenhar um grande papel no período atual da revelação. São os dois agentes que cooperam com a maior força na regeneração da Humanidade e para a fusão de todas as crenças numa crença única, tolerante, progressiva, universal.
Quando, recentemente, me comuniquei numa reunião da Sociedade, onde me haviam evocado, eu disse e repito que todo mundo possui em maior ou menor grau a faculdade curadora, e se cada um quisesse consagrar-se seriamente ao estudo dessa faculdade, muitos médiuns que se ignoram poderiam prestar úteis serviços a seus irmãos em humanidade. Nessa oportunidade o tempo não me permitiu desenvolver todo o meu pensamento a esse respeito. Aproveitarei o vosso apelo para fazê-lo hoje.
Em geral, aqueles que buscam a faculdade curadora têm como único desejo o restabelecimento da saúde material, de obter a liberdade de ação de tal órgão, impedido nas suas funções por uma causa material qualquer. Mas, sabei-o bem, é o menor dos serviços que esta faculdade está chamada a prestar, e só a conheceis em suas primícias e de maneira inteiramente rudimentar, se lhe conferis esse único papel... Não, a faculdade curadora tem missão mais nobre e mais extensa!... Se ela pode dar aos corpos o vigor da saúde, também deve dar às almas toda a pureza de que são susceptíveis, e é somente neste caso que poderá ser chamada curativa, no sentido absoluto da palavra.
Muitas vezes vos disseram, e vossos instrutores nunca se cansariam de repetir, que o efeito material aparente, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mórbida imaterial, residindo no estado moral do Espírito. Se, pois, o médium curador ataca os males do corpo, só ataca o efeito, e a causa primeira do mal continuando, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primordial, quer sob qualquer outra aparência. Muitas vezes aí está uma das razões pelas quais tal doença, subitamente curada pela influência de um médium, reaparece com todos os seus acidentes, desde que a influência benéfica se afaste, porque não resta nada, absolutamente nada para combater a causa mórbida.
Para evitar essas recidivas, é necessário que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói em seus efeitos; numa palavra, é preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma.
Para ser bom médium curador, não só é preciso que o corpo esteja apto a servir de canal aos fluidos materiais reparadores, mas é preciso, ainda, que o Espírito possua uma força moral que ele não pode adquirir senão por seu próprio melhoramento. Para ser médium curador, portanto, é preciso preparar-se, não só pela prece, mas pela depuração de sua alma, a fim de tratar fisicamente do corpo pelos meios físicos e de influenciar a alma pela força moral.
Uma última reflexão. Aconselham-vos a procurar de preferência os pobres que não têm outros recursos além da caridade do hospital. Não estou inteiramente de acordo com este conselho. Jesus dizia que o médico tem por missão cuidar dos doentes e não dos que estão com saúde. Lembrai-vos que na questão de saúde moral há doentes por toda parte, e que o dever do médico é ir a todos os lugares onde o seu socorro é necessário.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE.
Quando, recentemente, me comuniquei numa reunião da Sociedade, onde me haviam evocado, eu disse e repito que todo mundo possui em maior ou menor grau a faculdade curadora, e se cada um quisesse consagrar-se seriamente ao estudo dessa faculdade, muitos médiuns que se ignoram poderiam prestar úteis serviços a seus irmãos em humanidade. Nessa oportunidade o tempo não me permitiu desenvolver todo o meu pensamento a esse respeito. Aproveitarei o vosso apelo para fazê-lo hoje.
Em geral, aqueles que buscam a faculdade curadora têm como único desejo o restabelecimento da saúde material, de obter a liberdade de ação de tal órgão, impedido nas suas funções por uma causa material qualquer. Mas, sabei-o bem, é o menor dos serviços que esta faculdade está chamada a prestar, e só a conheceis em suas primícias e de maneira inteiramente rudimentar, se lhe conferis esse único papel... Não, a faculdade curadora tem missão mais nobre e mais extensa!... Se ela pode dar aos corpos o vigor da saúde, também deve dar às almas toda a pureza de que são susceptíveis, e é somente neste caso que poderá ser chamada curativa, no sentido absoluto da palavra.
Muitas vezes vos disseram, e vossos instrutores nunca se cansariam de repetir, que o efeito material aparente, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mórbida imaterial, residindo no estado moral do Espírito. Se, pois, o médium curador ataca os males do corpo, só ataca o efeito, e a causa primeira do mal continuando, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primordial, quer sob qualquer outra aparência. Muitas vezes aí está uma das razões pelas quais tal doença, subitamente curada pela influência de um médium, reaparece com todos os seus acidentes, desde que a influência benéfica se afaste, porque não resta nada, absolutamente nada para combater a causa mórbida.
Para evitar essas recidivas, é necessário que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói em seus efeitos; numa palavra, é preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma.
Para ser bom médium curador, não só é preciso que o corpo esteja apto a servir de canal aos fluidos materiais reparadores, mas é preciso, ainda, que o Espírito possua uma força moral que ele não pode adquirir senão por seu próprio melhoramento. Para ser médium curador, portanto, é preciso preparar-se, não só pela prece, mas pela depuração de sua alma, a fim de tratar fisicamente do corpo pelos meios físicos e de influenciar a alma pela força moral.
Uma última reflexão. Aconselham-vos a procurar de preferência os pobres que não têm outros recursos além da caridade do hospital. Não estou inteiramente de acordo com este conselho. Jesus dizia que o médico tem por missão cuidar dos doentes e não dos que estão com saúde. Lembrai-vos que na questão de saúde moral há doentes por toda parte, e que o dever do médico é ir a todos os lugares onde o seu socorro é necessário.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE.
Conselhos sobre a mediunidade curadora
II
(Sociedade de Paris, 15 de março de 1867 - Médium: Sr. Desliens)
Numa comunicação recente, eu falava da mediunidade curadora, de um ponto de vista mais amplo do que o que até aqui foi considerado, e a fazia consistir antes no tratamento moral que no tratamento físico dos doentes ou, pelo menos, reunia esses dois tratamentos em um só. Pedirei me permitais dizer algumas palavras a esse respeito.
O sofrimento, a doença, a própria morte, nas condições sob as quais as conheceis, não são mais especialmente o quinhão dos mundos habitados por Espíritos inferiores ou pouco adiantados? O desenvolvimento moral não tem por objetivo principal conduzir a Humanidade à felicidade, fazendo-a adquirir conhecimentos mais completos, desembaraçando-a das imperfeições de toda natureza, que retardam sua marcha ascensional para o infinito? Ora, melhorando o Espírito dos doentes, ele não os põe em melhores condições para suportar seus sofrimentos físicos? Combatendo os vícios, as más inclinações, que são a fonte de quase todas as desorganizações físicas, não se põem essas desorganizações na impossibilidade de se reproduzirem? Destruindo a causa, necessariamente se impede o efeito de manifestar-se novamente.
A mediunidade curadora pode, portanto, comportar duas formas, e essa faculdade não estará em seu apogeu, naqueles que a possuem, senão quando eles reunirem em si essas duas maneiras de ser. Ela pode compreender unicamente o alívio material dos doentes, e então se dirige aos encarnados; ela pode compreender a melhora moral dos indivíduos e, neste caso, se dirige tanto aos Espíritos quanto aos homens; ela pode compreender, enfim, tanto o melhoramento moral quanto o alívio material e, neste caso, tanto a causa quanto o efeito poderão ser combatidos vitoriosamente. O tratamento dos Espíritos obsessores é, com efeito, alguma coisa além de uma espécie de influência semelhante à mediunidade curadora exercida de comum acordo por médiuns e Espíritos sobre uma personalidade desencarnada?
A mediunidade curadora abarca, portanto, ao mesmo tempo, a saúde moral e a saúde física, o mundo dos encarnados e o mundo dos Espíritos.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE.
O sofrimento, a doença, a própria morte, nas condições sob as quais as conheceis, não são mais especialmente o quinhão dos mundos habitados por Espíritos inferiores ou pouco adiantados? O desenvolvimento moral não tem por objetivo principal conduzir a Humanidade à felicidade, fazendo-a adquirir conhecimentos mais completos, desembaraçando-a das imperfeições de toda natureza, que retardam sua marcha ascensional para o infinito? Ora, melhorando o Espírito dos doentes, ele não os põe em melhores condições para suportar seus sofrimentos físicos? Combatendo os vícios, as más inclinações, que são a fonte de quase todas as desorganizações físicas, não se põem essas desorganizações na impossibilidade de se reproduzirem? Destruindo a causa, necessariamente se impede o efeito de manifestar-se novamente.
A mediunidade curadora pode, portanto, comportar duas formas, e essa faculdade não estará em seu apogeu, naqueles que a possuem, senão quando eles reunirem em si essas duas maneiras de ser. Ela pode compreender unicamente o alívio material dos doentes, e então se dirige aos encarnados; ela pode compreender a melhora moral dos indivíduos e, neste caso, se dirige tanto aos Espíritos quanto aos homens; ela pode compreender, enfim, tanto o melhoramento moral quanto o alívio material e, neste caso, tanto a causa quanto o efeito poderão ser combatidos vitoriosamente. O tratamento dos Espíritos obsessores é, com efeito, alguma coisa além de uma espécie de influência semelhante à mediunidade curadora exercida de comum acordo por médiuns e Espíritos sobre uma personalidade desencarnada?
A mediunidade curadora abarca, portanto, ao mesmo tempo, a saúde moral e a saúde física, o mundo dos encarnados e o mundo dos Espíritos.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE.
Conselhos sobre a mediunidade curadora
III
(Paris, 24 de março de 1867 - Médium: Sr. Rul)
Venho continuar a instrução que dei a um médium da Sociedade. Por que duvidáveis que tivesse vindo ao vosso apelo? Não sabeis que um bom Espírito se sente sempre feliz por ajudar os seus irmãos da Terra na via do melhoramento e do progresso?
Hoje sabeis o que eu disse do vasto papel reservado à mediunidade curadora; sabeis que, conforme o estado de vossa alma e as aptidões do vosso organismo, podeis, se Deus vo-lo permitir, tanto curar as dores físicas quanto os sofrimentos morais, ou ambos. Duvidais de vossa capacidade de fazer uma ou outra coisa, porque conheceis as vossas imperfeições, mas Deus não pede a perfeição, a pureza absoluta dos homens da Terra. Sob esse ponto de vista, ninguém entre vós seria digno de ser médium curador. Deus pede que vos melhoreis, que façais esforços constantes para vos purificardes e leva em conta a vossa boa vontade.
Considerando-se que desejais seriamente aliviar os vossos irmãos que sofrem física e moralmente, tende confiança e esperai que o Senhor vos conceda esse favor. No entanto, repito, não sejais exclusivistas na escolha dos vossos doentes. Todos, sejam quem forem, ricos ou pobres, crentes ou incrédulos, bons ou maus, todos têm direito ao vosso socorro. Acaso o Senhor priva os maus do benéfico calor do sol que aquece, que reanima, que vivifica? Acaso a luz é recusada a quem quer que não se prosterne ante a bondade do Todo-Poderoso? Curai, pois, quem quer que sofra, e aproveitai o bem que proporcionastes ao corpo para purificar a alma ainda mais sofredora e para ensiná-la a orar. Não vos magoeis pelas negações que encontrardes; fazei sempre a vossa obra de caridade e de amor e não duvideis que o bem, embora adiado para uns, jamais ficará perdido. Melhorai-vos pela prece, pelo amor ao Senhor e aos vossos irmãos, e não duvideis que o Todo-Poderoso não vos dê ocasiões frequentes de exercer vossa faculdade mediúnica. Ficai felizes quando, após a cura, vossa mão apertar a do vosso irmão reconhecido e ambos, prosternados aos pés de vosso Pai celeste, orardes juntos para agradecer-lhe e adorá-lo. Ficai mais felizes ainda quando, acolhidos pela ingratidão, depois de haverdes curado o corpo, impotentes para curar a alma endurecida, elevardes o vosso pensamento ao Criador, porque vossa prece será a primeira centelha destinada a acender mais tarde o facho que brilhará aos olhos do vosso irmão curado de sua cegueira, e vós vos direis que quanto mais um doente sofre, mais cuidados lhe deve dar o médico.
Coragem, irmãos, esperai e aguardai que os bons Espíritos que vos dirigem, vos inspirem quando devereis começar, junto aos vossos irmãos que sofrem, a aplicação de vossa nova faculdade mediúnica. Até lá orai, progredi pela caridade moral, pela influência do exemplo, e não deixeis jamais fugir a menor ocasião de esclarecer os vossos irmãos. Deus vela sobre cada um de vós, e aquele que hoje é o mais incrédulo, poderá amanhã ser o mais fervoroso e o mais crente.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE
Hoje sabeis o que eu disse do vasto papel reservado à mediunidade curadora; sabeis que, conforme o estado de vossa alma e as aptidões do vosso organismo, podeis, se Deus vo-lo permitir, tanto curar as dores físicas quanto os sofrimentos morais, ou ambos. Duvidais de vossa capacidade de fazer uma ou outra coisa, porque conheceis as vossas imperfeições, mas Deus não pede a perfeição, a pureza absoluta dos homens da Terra. Sob esse ponto de vista, ninguém entre vós seria digno de ser médium curador. Deus pede que vos melhoreis, que façais esforços constantes para vos purificardes e leva em conta a vossa boa vontade.
Considerando-se que desejais seriamente aliviar os vossos irmãos que sofrem física e moralmente, tende confiança e esperai que o Senhor vos conceda esse favor. No entanto, repito, não sejais exclusivistas na escolha dos vossos doentes. Todos, sejam quem forem, ricos ou pobres, crentes ou incrédulos, bons ou maus, todos têm direito ao vosso socorro. Acaso o Senhor priva os maus do benéfico calor do sol que aquece, que reanima, que vivifica? Acaso a luz é recusada a quem quer que não se prosterne ante a bondade do Todo-Poderoso? Curai, pois, quem quer que sofra, e aproveitai o bem que proporcionastes ao corpo para purificar a alma ainda mais sofredora e para ensiná-la a orar. Não vos magoeis pelas negações que encontrardes; fazei sempre a vossa obra de caridade e de amor e não duvideis que o bem, embora adiado para uns, jamais ficará perdido. Melhorai-vos pela prece, pelo amor ao Senhor e aos vossos irmãos, e não duvideis que o Todo-Poderoso não vos dê ocasiões frequentes de exercer vossa faculdade mediúnica. Ficai felizes quando, após a cura, vossa mão apertar a do vosso irmão reconhecido e ambos, prosternados aos pés de vosso Pai celeste, orardes juntos para agradecer-lhe e adorá-lo. Ficai mais felizes ainda quando, acolhidos pela ingratidão, depois de haverdes curado o corpo, impotentes para curar a alma endurecida, elevardes o vosso pensamento ao Criador, porque vossa prece será a primeira centelha destinada a acender mais tarde o facho que brilhará aos olhos do vosso irmão curado de sua cegueira, e vós vos direis que quanto mais um doente sofre, mais cuidados lhe deve dar o médico.
Coragem, irmãos, esperai e aguardai que os bons Espíritos que vos dirigem, vos inspirem quando devereis começar, junto aos vossos irmãos que sofrem, a aplicação de vossa nova faculdade mediúnica. Até lá orai, progredi pela caridade moral, pela influência do exemplo, e não deixeis jamais fugir a menor ocasião de esclarecer os vossos irmãos. Deus vela sobre cada um de vós, e aquele que hoje é o mais incrédulo, poderá amanhã ser o mais fervoroso e o mais crente.
Abade Príncipe DE HOHENLOHE
Os adeuses
(Sociedade de Paris, 16 de agosto de 1867 - Médium: Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo)
NOTA: Entre as comunicações obtidas na última sessão da Sociedade, antes das férias, esta apresenta um caráter particular, que foge da forma habitual. Vários Espíritos, daqueles que são assíduos às sessões e por vezes se manifestam, vieram sucessivamente dirigir algumas palavras aos membros da Sociedade antes de sua separação, por meio de Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo. Era como um grupo de amigos vindo despedir-se e dar testemunho de simpatia, no momento da partida. A cada interlocutor que se apresentava, o intérprete mudava de tom, de atitude, de expressão, de fisionomia, e pela linguagem reconhecíamos o Espírito que falava, antes que fosse nomeado. Era bem ele que falava, servindo-se dos órgãos de um encarnado, e não o seu pensamento traduzido, mais ou menos fielmente, ao passar por um intermediário. Assim, a identidade era patente e, salvo a semelhança física, tínhamos diante de nós o Espírito, como em sua vida. Depois de cada alocução, o médium ficava absorto durante alguns minutos; era o tempo de substituição de um Espírito por outro; depois, voltando a si pouco a pouco, ele retomava a palavra num outro tom. O primeiro que se apresentou foi o nosso antigo colega Leclerc, falecido em dezembro do ano passado.
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Alguns de vossos irmãos que partiram vêm aproveitar a ocasião para vos manifestar sua simpatia, no momento de vossa separação.
A morte nada é, quando tem como resultado fazer nascer uma vida muito maior, muito mais larga, muito mais útil que a vida humana!... O atordoamento sobrevém, segue-se um esgotamento (alusão à maneira pela qual ele morreu) e ergome mais livre e feliz ao entrar neste mundo invisível que minha alma havia pressentido, que todo o meu ser desejava!... Livre!... planar no espaço!... Eu vi, eu observei, e minha alegria delirante só era limitada pelo exagerado pesar dos meus pela ausência de minha personalidade material. Mas hoje, que lhes pude provar a minha existência, que lhes demonstrei que se meu corpo não mais estava lá, meu Espírito lá estava mais presente ainda, e que hoje eu sou feliz, muito feliz, porque o que não pude fazer como encarnado, pude obter no estado de espiritualidade. Hoje sou útil, muito útil, e graças à simpática afeição daqueles que me conheceram, minha utilidade é mais eficaz.
Como é bom poder servir aos irmãos e assim ser útil à Humanidade inteira! Como é bom, como é doce para a alma poder fazer participar a Humanidade do pouco saber que se adquiriu pelo sofrimento! Eu que, outrora aprisionado neste corpo obtuso, hoje sou grande, e se não fosse o medo do vosso ridículo, eu me admiraria; porque, vede, ser bom é fazer parte de Deus; e esta bondade, eu a possuía? Oh! Respondei-me; vosso testemunho será uma felicidade a mais, acrescentada à felicidade de que desfruto. Mas, por que necessito de vossas palavras? Não posso ler nos vossos corações e ver os vossos sentimentos mais íntimos? Hoje, graças à minha desmaterialização, não posso ver os vossos mais secretos pensamentos?
Oh! Deus é grande, e sua bondade é sublime! Meus amigos, inclinai-vos, como eu, diante de sua majestade; trabalhai pela realização de seus desígnios, fazendo mais e melhor do que eu mesmo pude fazer.
LECLERC.
Para a alma que aspira à liberdade, como é longo o tempo na Terra, e como se faz esperar o momento tão sonhado! Mas, também, uma vez rompido o laço, com que rapidez o Espírito corre e voa para o reino celeste, que em vida via em sonhos e ao qual aspirava sem cessar! O belo, o infinito, o impalpável, todos os mais puros sentimentos, eis o apanágio dos que desprezam os tesouros humanos, querendo avançar no caminho reto do bem, da caridade e do dever. Tenho minha recompensa e sou muito feliz, porque agora não mais espero visitas daqueles que me são caros; agora não há mais limites para a minha visão, e esse sofrimento, esse longo emagrecimento do corpo terminou; sou alegre, contente, cheia de vivacidade. Não espero mais visitantes, eu vou visitá-los.
ERNESTINE DOZON.
São muito felizes os que hoje podem vir sem acanhamento ao vosso meio, comunicar-vos a sua alegria, o seu prazer ao entrar aqui! Mas eu, que tomei o caminho dos covardes, para evitar caminho batido; eu, que entrei de surpresa num mundo que não me era desconhecido; eu, que quebrei a porta da prisão, em vez de esperar que ela me fosse largamente aberta, é em razão dessa mesma vergonha que me cobre o rosto que venho a esta mesa, porque aqui encontro o meio de vos dizer: Obrigado por vosso perdão sincero, obrigado por vossas preces, pelo interesse que me prodigalizastes e que abreviaram os meus sofrimentos! Obrigado, também, pelos vossos pensamentos em relação ao futuro que vejo germinarem em vossos corações, pela coletividade fraterna de vossas simpatias de que me beneficiarei!
Hoje, o clarão apenas entrevisto tornou-se um luminoso farol, com os raios largos e brilhantes; de agora em diante vejo a estrada, e se vossas preces me sustentarem, como o pressinto, se minha humildade e meu arrependimento não se desmentirem, podeis contar com um viajante a mais na larga estrada que se chama o bem.
D.
Eu fali... Eu pequei... Pequei muito!... Entretanto, se Deus coloca no cérebro de um homem uma inteligência, e ao lado põe desejos a saciar, inclinações impossíveis de superar, por que ele faria o Espírito suportar as consequências desses obstáculos que não pôde vencer?... Mas eu me perco, blasfemo!... porque se ele me havia dado uma inteligência, era o instrumento com a ajuda do qual eu podia vencer os obstáculos... Quanto maior era essa inteligência, menos escusável sou...
Minha própria inteligência, sobretudo minha presunção, me levaram a perderme... Sofri moralmente todas as minhas decepções, muito mais que fisicamente, o que não diz pouco!... Fazendo-vos estas confissões, sofro o passado e todos os sofrimentos dos meus, que vêm aumentar a bagagem dos males que já me esmagam... Oh! Orai por mim! Hoje é um dia de indulgência. Então! Eu reclamo a vossa. Que me perdoem aqueles a quem ofendi e desconheci!
X.
Espectador invisível, há algum tempo assisto aos vossos estudos com uma felicidade muito grande! Vossos trabalhos absorvem ainda mais as minhas faculdades do que quando eu era vivo. Eu vejo, observo, estudo, e hoje que minhas fibras cerebrais não são mais obstruídas pela matéria, abri os meus olhos espirituais e posso ver os fluidos que em vão tinha procurado perceber em vida.
Pois bem! Se pudésseis ver esse imenso feixe, esse emaranhado fluídico, vossos raios visuais de tal modo seriam aniquilados que só perceberíeis trevas. Eu vejo, sinto, ressinto!... e nessas moléculas fluídicas, átomos impalpáveis, distingo as diferentes forças propulsoras; analiso-as, delas formo um todo que emprego ainda em benefício dos pobres corpos sofredores; reúno, aglomero os fluidos simpáticos, e vou simplesmente, gratuitamente, despejá-los sobre aqueles que deles necessitam.
Ah! O estudo dos fluidos é uma bela coisa! E vós compreenderíeis quanto todos esses mistérios são preciosos para mim se, como eu, em vão tivésseis consagrado toda a existência para compreendê-los. Graças ao Espiritismo, o aparente caos desses conhecimentos foi posto em ordem. O Espiritismo distinguiu o que é do domínio físico do que pertence ao mundo espiritual; ele reconheceu duas partes bem distintas no magnetismo; ele tornou seus efeitos fáceis de reconhecer, e Deus sabe o que o futuro lhe reserva!
Mas eu me apercebo que absorvo todo o vosso tempo em meu beneficio, ao passo que outros Espíritos também vos desejam falar. Voltarei pela escrita, para continuar a vos desenvolver minhas ideias sobre estes estudos com os quais, em vida, tanto gostava de me ocupar.
E. QUINEMANT.
Meus caros filhos, o ano social espírita foi fecundo para os vossos estudos, e com prazer venho testemunhar toda a minha satisfação. Muitos fatos foram analisados, muitos coisas incompreendidas foram elucidadas e tocastes em certas questões que não tardarão a ser admitidas em princípio. Eu estou, ou melhor, nós estamos satisfeitos.
A despeito de todo o ardor até aqui empregado, em vosso meio e por vossos inimigos, contra as vossas boas intenções, vossa falange foi a mais forte, e se o mal fez algumas vítimas, é que a lepra já existia nelas, entretanto, a chaga já cicatriza; entram os bons, e os maus se vão, e para os maus que ficam em vosso meio, mais tarde o remorso será terrível, porque eles juntam aos seus defeitos os da hipocrisia. Mas aqueles que são sinceros, aqueles que hoje se juntam a vós, aqueles que trazem o seu devotamento à verdade e o desejo de transmiti-la a todos, esses, eu vos digo, meus filhos, serão bem-aventurados, porque levarão a felicidade não só para si, mas para todos aqueles que os escutam. Olhai em vossas fileiras e vereis que os vazios criados pelas defecções são bem depressa cobertos com vantagem por novas individualidades, e essas desfrutarão dos benefícios que serão o apanágio da geração futura.
Ide, meus filhos! Vossos estudos são ainda muito elementares; mas cada dia traz os meios de aprofundar mais, e para isto, novos instrumentos virão juntar-se aos que já tendes. Tereis instruções mais extensas, e isto para maior glória de Deus e para maior bem-estar da Humanidade.
Há entre vós vários desses instrumentos que tomarão lugar à vossa mesa, na reabertura. Eles ainda não ousam declarar-se, mas encorajai-os, trazei para o vosso lado os tímidos e os orgulhosos que julgam fazer melhor que os outros, e então veremos se os tímidos têm medo e se os orgulhosos não terão que reprimir as suas pretensões.
SÃO LUÍS.
A epidemia que vem dizimar o mundo em certos momentos, e que convencionastes chamar de cólera, fere de novo e por redobrados golpes a Humanidade. Seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o homem passa da vida à morte, e aqueles que são mais privilegiados, poupados por sua mão fulminante, ficam estupefatos, trêmulos, ante as espantosas consequências de um mal desconhecido em suas causas, e cujo remédio se ignora completamente.
Nesses tristes momentos, o medo se apodera dos que não veem senão a ação da morte, sem pensar no além, e que, só por este fato, mais facilmente oferecem o flanco ao mal. Mas como a hora de cada um de nós está marcada, é preciso partir, apesar de tudo, se ela tiver soado. A hora está marcada para bom número de habitantes do universo terrestre, que dele partem todos os dias; pouco a pouco o flagelo se espalha e vai estender-se sobre toda a superfície do globo.
Este mal é desconhecido, e talvez o seja mais ainda hoje, porque, à sua constituição própria, juntam-se diariamente outros elementos que confundem o saber humano e impedem de achar o remédio necessário para deter a sua marcha. Então os homens, malgrado a sua ciência, devem sofrer as suas consequências, e esse flagelo destruidor é muito simplesmente um dos meios para ativar a renovação da Humanidade, que deve realizar-se.
Mas não vos inquieteis; para vós, espíritas, que sabeis que morrer é renascer, se fordes atingidos e partirdes, não ireis à felicidade? Se, ao contrário, fordes poupados, agradecei a Deus, que assim vos permitirá aumentar a soma dos vossos sofrimentos e pagar mais pela prova.
De um lado como de outro, quer a morte vos fira, quer vos poupe, só tendes a ganhar, ou então não vos digais espíritas.
Doutor DEMEURE.
Isto é para ele (o médium fala de si mesmo na terceira pessoa). ─ Vede, disseram-vos que viria um momento em que ele poderia ver, ouvir e repousar, por sua vez. Ora! Esse momento chegou, para vós e não para os outros; na reabertura ele não adormecerá mais, salvo nalguns casos excepcionais, nos quais a sua utilidade se fizer sentir; neste momento ele lamenta, mas, daqui a pouco, quando ele despertar e souber disso, ficará muito contente... o egoísta!... Entretanto, ele ainda tem muito a fazer. Daqui até lá, ele dormirá. Raramente felicitará e fustigará muitas vezes: é a sua tarefa. Orai para que ela lhe seja fácil; para que sua palavra leve a paz, a consolação e a conciliação onde elas forem necessárias. Ajudai-o com o vosso pensamento. Quando voltar, ele colocará toda a sua boa vontade em vos ajudar e o fará de todo o coração. Mas sustentai-o, pois ele necessita muito. Aliás, as circunstâncias excepcionais em que irá dormir, talvez e infelizmente não serão muitas vezes motivadas. Enfim, dizei como ele: Que a vontade de Deus seja feita!
MORIN.
ALLAN KARDEC.
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Alguns de vossos irmãos que partiram vêm aproveitar a ocasião para vos manifestar sua simpatia, no momento de vossa separação.
A morte nada é, quando tem como resultado fazer nascer uma vida muito maior, muito mais larga, muito mais útil que a vida humana!... O atordoamento sobrevém, segue-se um esgotamento (alusão à maneira pela qual ele morreu) e ergome mais livre e feliz ao entrar neste mundo invisível que minha alma havia pressentido, que todo o meu ser desejava!... Livre!... planar no espaço!... Eu vi, eu observei, e minha alegria delirante só era limitada pelo exagerado pesar dos meus pela ausência de minha personalidade material. Mas hoje, que lhes pude provar a minha existência, que lhes demonstrei que se meu corpo não mais estava lá, meu Espírito lá estava mais presente ainda, e que hoje eu sou feliz, muito feliz, porque o que não pude fazer como encarnado, pude obter no estado de espiritualidade. Hoje sou útil, muito útil, e graças à simpática afeição daqueles que me conheceram, minha utilidade é mais eficaz.
Como é bom poder servir aos irmãos e assim ser útil à Humanidade inteira! Como é bom, como é doce para a alma poder fazer participar a Humanidade do pouco saber que se adquiriu pelo sofrimento! Eu que, outrora aprisionado neste corpo obtuso, hoje sou grande, e se não fosse o medo do vosso ridículo, eu me admiraria; porque, vede, ser bom é fazer parte de Deus; e esta bondade, eu a possuía? Oh! Respondei-me; vosso testemunho será uma felicidade a mais, acrescentada à felicidade de que desfruto. Mas, por que necessito de vossas palavras? Não posso ler nos vossos corações e ver os vossos sentimentos mais íntimos? Hoje, graças à minha desmaterialização, não posso ver os vossos mais secretos pensamentos?
Oh! Deus é grande, e sua bondade é sublime! Meus amigos, inclinai-vos, como eu, diante de sua majestade; trabalhai pela realização de seus desígnios, fazendo mais e melhor do que eu mesmo pude fazer.
LECLERC.
Para a alma que aspira à liberdade, como é longo o tempo na Terra, e como se faz esperar o momento tão sonhado! Mas, também, uma vez rompido o laço, com que rapidez o Espírito corre e voa para o reino celeste, que em vida via em sonhos e ao qual aspirava sem cessar! O belo, o infinito, o impalpável, todos os mais puros sentimentos, eis o apanágio dos que desprezam os tesouros humanos, querendo avançar no caminho reto do bem, da caridade e do dever. Tenho minha recompensa e sou muito feliz, porque agora não mais espero visitas daqueles que me são caros; agora não há mais limites para a minha visão, e esse sofrimento, esse longo emagrecimento do corpo terminou; sou alegre, contente, cheia de vivacidade. Não espero mais visitantes, eu vou visitá-los.
ERNESTINE DOZON.
São muito felizes os que hoje podem vir sem acanhamento ao vosso meio, comunicar-vos a sua alegria, o seu prazer ao entrar aqui! Mas eu, que tomei o caminho dos covardes, para evitar caminho batido; eu, que entrei de surpresa num mundo que não me era desconhecido; eu, que quebrei a porta da prisão, em vez de esperar que ela me fosse largamente aberta, é em razão dessa mesma vergonha que me cobre o rosto que venho a esta mesa, porque aqui encontro o meio de vos dizer: Obrigado por vosso perdão sincero, obrigado por vossas preces, pelo interesse que me prodigalizastes e que abreviaram os meus sofrimentos! Obrigado, também, pelos vossos pensamentos em relação ao futuro que vejo germinarem em vossos corações, pela coletividade fraterna de vossas simpatias de que me beneficiarei!
Hoje, o clarão apenas entrevisto tornou-se um luminoso farol, com os raios largos e brilhantes; de agora em diante vejo a estrada, e se vossas preces me sustentarem, como o pressinto, se minha humildade e meu arrependimento não se desmentirem, podeis contar com um viajante a mais na larga estrada que se chama o bem.
D.
Eu fali... Eu pequei... Pequei muito!... Entretanto, se Deus coloca no cérebro de um homem uma inteligência, e ao lado põe desejos a saciar, inclinações impossíveis de superar, por que ele faria o Espírito suportar as consequências desses obstáculos que não pôde vencer?... Mas eu me perco, blasfemo!... porque se ele me havia dado uma inteligência, era o instrumento com a ajuda do qual eu podia vencer os obstáculos... Quanto maior era essa inteligência, menos escusável sou...
Minha própria inteligência, sobretudo minha presunção, me levaram a perderme... Sofri moralmente todas as minhas decepções, muito mais que fisicamente, o que não diz pouco!... Fazendo-vos estas confissões, sofro o passado e todos os sofrimentos dos meus, que vêm aumentar a bagagem dos males que já me esmagam... Oh! Orai por mim! Hoje é um dia de indulgência. Então! Eu reclamo a vossa. Que me perdoem aqueles a quem ofendi e desconheci!
X.
Espectador invisível, há algum tempo assisto aos vossos estudos com uma felicidade muito grande! Vossos trabalhos absorvem ainda mais as minhas faculdades do que quando eu era vivo. Eu vejo, observo, estudo, e hoje que minhas fibras cerebrais não são mais obstruídas pela matéria, abri os meus olhos espirituais e posso ver os fluidos que em vão tinha procurado perceber em vida.
Pois bem! Se pudésseis ver esse imenso feixe, esse emaranhado fluídico, vossos raios visuais de tal modo seriam aniquilados que só perceberíeis trevas. Eu vejo, sinto, ressinto!... e nessas moléculas fluídicas, átomos impalpáveis, distingo as diferentes forças propulsoras; analiso-as, delas formo um todo que emprego ainda em benefício dos pobres corpos sofredores; reúno, aglomero os fluidos simpáticos, e vou simplesmente, gratuitamente, despejá-los sobre aqueles que deles necessitam.
Ah! O estudo dos fluidos é uma bela coisa! E vós compreenderíeis quanto todos esses mistérios são preciosos para mim se, como eu, em vão tivésseis consagrado toda a existência para compreendê-los. Graças ao Espiritismo, o aparente caos desses conhecimentos foi posto em ordem. O Espiritismo distinguiu o que é do domínio físico do que pertence ao mundo espiritual; ele reconheceu duas partes bem distintas no magnetismo; ele tornou seus efeitos fáceis de reconhecer, e Deus sabe o que o futuro lhe reserva!
Mas eu me apercebo que absorvo todo o vosso tempo em meu beneficio, ao passo que outros Espíritos também vos desejam falar. Voltarei pela escrita, para continuar a vos desenvolver minhas ideias sobre estes estudos com os quais, em vida, tanto gostava de me ocupar.
E. QUINEMANT.
Meus caros filhos, o ano social espírita foi fecundo para os vossos estudos, e com prazer venho testemunhar toda a minha satisfação. Muitos fatos foram analisados, muitos coisas incompreendidas foram elucidadas e tocastes em certas questões que não tardarão a ser admitidas em princípio. Eu estou, ou melhor, nós estamos satisfeitos.
A despeito de todo o ardor até aqui empregado, em vosso meio e por vossos inimigos, contra as vossas boas intenções, vossa falange foi a mais forte, e se o mal fez algumas vítimas, é que a lepra já existia nelas, entretanto, a chaga já cicatriza; entram os bons, e os maus se vão, e para os maus que ficam em vosso meio, mais tarde o remorso será terrível, porque eles juntam aos seus defeitos os da hipocrisia. Mas aqueles que são sinceros, aqueles que hoje se juntam a vós, aqueles que trazem o seu devotamento à verdade e o desejo de transmiti-la a todos, esses, eu vos digo, meus filhos, serão bem-aventurados, porque levarão a felicidade não só para si, mas para todos aqueles que os escutam. Olhai em vossas fileiras e vereis que os vazios criados pelas defecções são bem depressa cobertos com vantagem por novas individualidades, e essas desfrutarão dos benefícios que serão o apanágio da geração futura.
Ide, meus filhos! Vossos estudos são ainda muito elementares; mas cada dia traz os meios de aprofundar mais, e para isto, novos instrumentos virão juntar-se aos que já tendes. Tereis instruções mais extensas, e isto para maior glória de Deus e para maior bem-estar da Humanidade.
Há entre vós vários desses instrumentos que tomarão lugar à vossa mesa, na reabertura. Eles ainda não ousam declarar-se, mas encorajai-os, trazei para o vosso lado os tímidos e os orgulhosos que julgam fazer melhor que os outros, e então veremos se os tímidos têm medo e se os orgulhosos não terão que reprimir as suas pretensões.
SÃO LUÍS.
A epidemia que vem dizimar o mundo em certos momentos, e que convencionastes chamar de cólera, fere de novo e por redobrados golpes a Humanidade. Seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o homem passa da vida à morte, e aqueles que são mais privilegiados, poupados por sua mão fulminante, ficam estupefatos, trêmulos, ante as espantosas consequências de um mal desconhecido em suas causas, e cujo remédio se ignora completamente.
Nesses tristes momentos, o medo se apodera dos que não veem senão a ação da morte, sem pensar no além, e que, só por este fato, mais facilmente oferecem o flanco ao mal. Mas como a hora de cada um de nós está marcada, é preciso partir, apesar de tudo, se ela tiver soado. A hora está marcada para bom número de habitantes do universo terrestre, que dele partem todos os dias; pouco a pouco o flagelo se espalha e vai estender-se sobre toda a superfície do globo.
Este mal é desconhecido, e talvez o seja mais ainda hoje, porque, à sua constituição própria, juntam-se diariamente outros elementos que confundem o saber humano e impedem de achar o remédio necessário para deter a sua marcha. Então os homens, malgrado a sua ciência, devem sofrer as suas consequências, e esse flagelo destruidor é muito simplesmente um dos meios para ativar a renovação da Humanidade, que deve realizar-se.
Mas não vos inquieteis; para vós, espíritas, que sabeis que morrer é renascer, se fordes atingidos e partirdes, não ireis à felicidade? Se, ao contrário, fordes poupados, agradecei a Deus, que assim vos permitirá aumentar a soma dos vossos sofrimentos e pagar mais pela prova.
De um lado como de outro, quer a morte vos fira, quer vos poupe, só tendes a ganhar, ou então não vos digais espíritas.
Doutor DEMEURE.
Isto é para ele (o médium fala de si mesmo na terceira pessoa). ─ Vede, disseram-vos que viria um momento em que ele poderia ver, ouvir e repousar, por sua vez. Ora! Esse momento chegou, para vós e não para os outros; na reabertura ele não adormecerá mais, salvo nalguns casos excepcionais, nos quais a sua utilidade se fizer sentir; neste momento ele lamenta, mas, daqui a pouco, quando ele despertar e souber disso, ficará muito contente... o egoísta!... Entretanto, ele ainda tem muito a fazer. Daqui até lá, ele dormirá. Raramente felicitará e fustigará muitas vezes: é a sua tarefa. Orai para que ela lhe seja fácil; para que sua palavra leve a paz, a consolação e a conciliação onde elas forem necessárias. Ajudai-o com o vosso pensamento. Quando voltar, ele colocará toda a sua boa vontade em vos ajudar e o fará de todo o coração. Mas sustentai-o, pois ele necessita muito. Aliás, as circunstâncias excepcionais em que irá dormir, talvez e infelizmente não serão muitas vezes motivadas. Enfim, dizei como ele: Que a vontade de Deus seja feita!
MORIN.
ALLAN KARDEC.