Resposta do redator de La Vérite à reclamação do padre Barricand
Caro Sr. Allan Kardec,
Teríeis a bondade de inserir as seguintes linhas no próximo número de vossa Revista?
Fiquei muito surpreso ao abrir vosso último número (de julho de 1864) e ali encontrar uma carta assinada por Barricand, na qual esse teólogo de mim se ocupa a propósito de um relato que publiquei sobre um de seus cursos antiespíritas (La Vérité, de 10 de abril de 1864).
As observações muito judiciosas com que acompanhais esse inqualificável e muito tardio protesto, certamente ter-me-iam dispensado de respondê-lo pessoalmente, se não tivesse temido que, aos olhos de alguns, o meu silêncio passasse por uma derrota ou um erro. Declaro alto e bom som que minha consciência não poderia associar-se à grave censura que ele me faz de haver fantasiado, desvirtuado o curso de que se trata. Afirmo perante Deus: Se não reproduzi exatamente as mesmas frases, as mesmas palavras pronunciadas por meu contraditor, continuo convicto de lhes haver dado o verdadeiro sentido.
Além disto, se a alta inteligência do Sr. Pe. Barricand julga a minha muito ínfima ou muito pesada para ter podido captar o tema verdadeiro de seu discurso, através dos caminhos sinuosos mas floridos por onde ele passeou; se o Sr Pe. Barricand tira dessa premissa a indução que, em semelhante ocorrência, não me é mais permitido afirmar nem infirmar; palavra, que é bem possível! Neste caso, e para ser fiel a meus princípios de tolerância, eu quase consentiria em me censurar por haver defendido la Vérité e os outros jornais espíritas contra acusações ilusórias, nascidas em meu cérebro em delírio; em bater no peito por haver compreendido que, em vez de dobrar os sinos a finados sobre as nossas cabeças, parece que se contentavam em nos tomar o pulso.
Assim apaziguar-se-á, segundo espero, a ira do senhor deão da Faculdade de Teologia; assim serão reabilitados aos olhos do mundo a sua pessoa e o seu ensino.
Recebei, etc.
E. Edoux
Diretor do La Vérité